PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
O prefeito do município de Rondonópolis, José Carlos do Pátio, revogou a Certidão de Uso e Ocupação do Solo da empresa Rumo Logística, o que efetivamente impede a continuidade da construção dos trilhos que ligam o maior terminal intermodal da América Latina à Cuiabá. O motivo da revogação é que a empresa Rumo quer o traçado da ferrovia a 40 metros da cidade e isso está ocasionando o temor dos moradores que vivem nas proximidades dos trilhos, preocupados com a segurança de crianças e jovens, alegando que a proximidade dos trens poderia representar riscos de acidentes e até mesmo de morte, caso as pessoas se aproximem para observar o movimento dos trens.
A revogação da certidão foi assinada na presença de diversas autoridades locais, incluindo o presidente da Câmara de Vereadores, Júnior Mendonça, vereadores, o diretor-presidente do Serviço de Saneamento Ambiental de Rondonópolis (Sanear), Paulo José Correia, secretários e lideranças comunitárias que desejam que os trilhos sejam afastados das casas.
A revogação da Certidão de Uso e Ocupação do Solo implica que a empresa Rumo Logística está impedida de continuar a construção dos trilhos que ligam o maior terminal intermodal da América Latina à Cuiabá.
Os argumentos contra o novo traçado, como o risco de descarrilhamentos e problemas com vagões, incluindo a possibilidade de explosões, destacam preocupações legítimas com a segurança. O transporte de produtos inflamáveis, como combustíveis, aumenta os riscos potenciais associados à proximidade de áreas habitadas. Já que a empresa transporta combustíveis, além de levar direto para os portos do Sul e Sudeste boa parte da produção de grãos de todo Mato Grosso. A segurança da comunidade é uma consideração crucial em situações como essa.
A prefeitura de Rondonópolis alega descaso por parte da empresa que apresentou outro traçado, quando da solicitação de uso e ocupação de solo. E não apresentou até o momento as licenças referente ao novo traçado, nem o estudo de impacto de vizinhança, o que inclui os possíveis danos aos imóveis e modificações no modo de vida dos moradores de pelo menos dois bairros, o Maria Amélia e Rosa Bororo, e duas comunidades, Gleba Rio Vermelho e Boa Vista. Nestas localidades, o traçado passaria bem próximo as residências.
O prefeito José Carlos do Pátio lamenta a decisão da empresa de não conversar com os poderes constituídos para definir os trilhos.
“É preciso abrir o debate, a empresa está passando por cima das nossas leis. Está desrespeitando o Plano Diretor, o Código Ambiental, Código de Obras e de Postura, além do zoneamento. Queremos parar a obra para a mudança deste traçado, que nós desconhecemos. A empresa precisa respeitar a cidade e a população. Não somos contra a construção da linha, não somos contra o desenvolvimento, mas mudaram o traçado e vieram para dentro da cidade. Isso não vamos permitir”.
De acordo com o prefeito, o município está comprando uma área ao lado do Maria Amélia para construir mais um bairro e assentar mais famílias, o que deve aumentar ainda mais o perigo dos trilhos do trem próximo às moradias. Esta é outra preocupação da prefeitura que fez um estudo de impacto da vizinhança, que apontou que as casas construídas próximas ao trilho não aguentam a trepidação causada pela passagem do trem que abalaria a estrutura dos imóveis. Vale ressaltar que a comunidade é de baixa renda formada na sua maioria por mães sozinhas e seus filhos. Somente neste bairro, moram cerca de 400 crianças.
A suspensão do documento que pode paralisar a construção dos trilhos, conta com o apoio da Câmara de Vereadores, cujo presidente, Júnior Mendonça, cogita inclusive mudar a lei de zoneamento para ampliar a parte urbana para que os trilhos fiquem bem além dos 40 metros propostos atualmente pela empresa.
“Mudaremos a lei, aumentaremos o perímetro urbano, se necessário, mas esse trilho precisa passar longe daqui (da cidade)”, afirmou.
O presidente do bairro Maria Amélia, Michael Pereira, que é ex-ferroviário, foi contundente ao dizer que o ideal seria que os trilhos ficassem a 40 quilômetros da cidade para não causar transtorno.
“Temos perigo de acidente, de descarrilhamento, quando o trem sai dos trilhos vai levando tudo. Há o perigo das crianças e também dos animais. Afeta tudo, inclusive a vida dos animais da região. Além disso, temos uma nascente de água ali e o trilho vai passar em cima dela”, concluiu.
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