ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
A futura federação entre Progressistas (PP) e União Brasil terá o União no comando em Mato Grosso, consolidando ainda mais o poder da legenda no estado. A definição faz parte do acordo nacional entre as siglas, que dividiram o comando estadual da federação de forma estratégica.
O governador Mauro Mendes afirmou que é natural a escolha como presidente da federação partidária entre PP e UB em Mato Grosso, destacando a maior influência política da sigla já presidida por ele.
Contudo, o chefe do Executivo cobrou a formalização do acordo, mesmo que as negociações estejam em estágio bem avançado.“Pelo desenho inicial, aqui no estado de Mato Grosso, por ter um governador, um senador, um partido com uma presença política dentro dos quadros disponíveis, maior que o PP. Embora [o PP] seja um partido importante e com grandes quadros em Mato Grosso, o nosso União Brasil tem um pouco mais”, declarou à imprensa.
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Apesar de um diálogo harmonioso com o PP no Estado e o avanço das conversações e alinhamentos quanto à definição pela federação, o governador cobrou por essa consolidação formal. “O União Brasil e o PP estão em um estágio bastante avançado, mas não ainda consolidado nesta constituição de federação. É um instrumento já conhecido da política brasileira, entretanto um mecanismo que ainda não foi aplicado que é uma federação de dois grandes partidos. Então, é algo que, embora esteja em um estágio avançado, (...) deverá haver algum nível de mudança nesse cenário”, disse Mauro Mendes.
Com essa configuração, o União Brasil mantém sua liderança sobre a base governista no estado, enquanto o PP precisará se ajustar às novas regras da aliança.
O maior desafio, segundo ele, é agrupar de forma harmônica duas grandes legendas do cenário político brasileiro, algo que ele classificou como inédito.“Um mecanismo que ainda não foi aplicado é uma federação de dois grandes partidos. É comum partidos pequenos fazerem federação com partidos médios ou grandes, ou partidos pequenos se reunirem, mas são dois grandes partidos, com grande presença em todos os estados brasileiros, com governadores, deputados federais, senadores e líderes nacionais importantes de destaque”, comentou.
A federação já foi aprovada pelo PP e aguarda a deliberação final do União Brasil, que deve ocorrer até o fim de semana. Caso seja concretizada, a união entre os partidos formará o maior bloco da Câmara dos Deputados, com 109 parlamentares, e terá impacto direto nas eleições nacionais, estaduais e municipais, exigindo a atuação conjunta das siglas por pelo menos quatro anos.
O impacto em Mato Grosso
A definição de que o União Brasil comandará a federação no estado fortalece o partido do governador Mauro Mendes, do senador Jayme Campos e do secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia. Atualmente, a legenda é uma das maiores forças políticas do estado, com presença na bancada federal, estadual e no cenário municipal. Já o PP, que tem apenas um deputado estadual, Paulo Araújo, precisará se adequar à nova estrutura.
Além da reorganização interna, a federação pode gerar desafios na formação de chapas para as eleições de 2026 e 2028. Como as siglas atuarão como uma só, precisarão lançar candidaturas unificadas, o que pode dificultar a acomodação de lideranças e aliados dentro da chapa proporcional.
Apesar da afinidade na esfera estadual, o desafio será com as eleições municipais de 2028. Isso porque, em alguns municípios, pode ocorrer divergência entre as duas siglas, e caberá às lideranças buscar consenso nesses locais.
Próximos passos
O União Brasil deve oficializar sua posição sobre a federação nos próximos dias. Caso a aliança seja formalizada, PP e União Brasil terão que atuar juntos nas eleições municipais de 2026.
Atualmente, o Brasil já conta com duas federações partidárias ativas: Brasil da Esperança (PT, PV e PCdoB) e PSDB-Cidadania. Ambas já enfrentaram dificuldades para alinhar candidaturas locais e unificar estratégias políticas, o que pode servir de referência para os desafios que União Brasil e PP terão pela frente.
No dia 18 de março, lideranças do PP aprovaram que o presidente da sigla, Ciro Nogueira (PP), dê andamento nas tratativas. Agora, resta ao União Brasil deliberar sobre a sua posição.
A concretização da federação em Mato Grosso faz com que o grupo passe a ter a maior bancada na Assembleia. Inicialmente, foi cogitado que o Republicanos também se juntasse, mas a bancada da legenda rejeitou a ideia.