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21 de Junho de 2024, 13h:41 A- A+

Política e Eleições / CONQUISTA DE TERRA

Após 25 anos, Incra anuncia compra de fazenda no Paraná para criar assentamento do MST

As 71 famílias da comunidade Resistência Camponesa em Cascavel (PR) estão acampadas na área de 479 hectares desde 1999

PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO

A trajetória da comunidade de Resistência Camponesa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Cascavel, no Paraná, é um exemplo emblemático dos desafios e reviravoltas que marcam a luta pela reforma agrária no Brasil. Desde a ocupação da área em 1999, as 71 famílias envolvidas enfrentaram uma série de dificuldades e momentos de incerteza.

Nos primeiros anos, a luta pela regularização fundiária parecia promissora, especialmente durante o governo de Dilma Rousseff (PT). No entanto, o processo foi interrompido abruptamente com o impeachment de Dilma em 2016, deixando as famílias à mercê das mudanças políticas que se seguiram. A ameaça de despejo se tornou uma constante na vida dos ocupantes, especialmente durante períodos de menor atenção pública e apoio governamental.

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Com a chegada da pandemia de COVID-19, mais uma vez o destino da comunidade foi suspenso. As medidas de emergência e a atenção voltada para a crise sanitária global adiaram qualquer ação de despejo, proporcionando uma espécie de alívio temporário para as famílias.

“A gente ficou quase sem saber o que fazer, a emoção era tanta, depois de tanta luta que fizemos… Comemoramos, choramos, cantamos”, conta Serlei, atual dirigente do Resistência Camponesa, onde vive há oito anos. Sua trajetória no MST, no entanto, vem desde 1987, quando tinha 19 anos de idade. Chegou no movimento apenas três anos depois que foi fundado, a poucos quilômetros dali, na mesma cidade de Cascavel. Aos 56 anos, Serlei nunca esteve tão perto de ser uma assentada. 

Agora, em 2024, após 25 anos de ocupação e uma longa espera, a comunidade recebeu uma boa notícia: a portaria do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que oficializa a transformação da área em um assentamento da reforma agrária. Esta decisão representa uma vitória significativa para as famílias, validando décadas de resistência e luta por seus direitos à terra e à dignidade.

No último 22 de maio, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) emitiu uma portaria informando que a Fazenda São Domingos, localizada em Cascavel (PR), será adquirida pela União para fins de reforma agrária. A área de 479 hectares, registrada no nome da empresa Refopas Agro Pastoril, pertencente à família Festugato, será destinada à regularização e assentamento das 71 famílias da comunidade de Resistência Camponesa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

A aquisição da Fazenda São Domingos pela União para a criação de um assentamento agrário não apenas assegura a permanência das famílias na terra, mas também abre caminho para o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida dos assentados. Este assentamento permitirá que as famílias possam cultivar a terra de maneira legalizada, contribuindo para a produção de alimentos e a economia local.

 

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