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Política e Judiciário Terça-feira, 18 de Fevereiro de 2025, 13:40 - A | A

18 de Fevereiro de 2025, 13h:40 A- A+

Política e Judiciário / MEDO DA GESTÃO PASSADA

População de Várzea Grande decide reivindicar pela falta de água somente com a atual gestão

Nos últimos dois anos, a equipe de reportagem da FTN Brasil visitou diversos bairros do município e constatou que grande parte dos moradores afirmava temer prejuízos em suas vidas profissionais ou pessoais caso denunciassem a situação

PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO

A questão da falta de água em Várzea Grande é um problema persistente há mais de uma década, mas por que a insatisfação da população foi a público somente na atual gestão de Flávia Moretti e Tião da Zaeli? Por que na gestão passada os moradores tinham receio de botar a "boca no trombone" e reivindicar por esse mesmo problema?

O medo e intimidação na gestão Kalil Baracat vem sendo levantado nesses dois ultimos meses. No fundo, a questão principal é que a população sempre sofreu com a falta d'água, mas agora encontrou meios e coragem para expor o problema.

Durante a gestão de Kalil Baracat, nos anos de 2020 à 2024, foram implementadas medidas como a construção de Estações de Tratamento de Água (ETAs) nos bairros Cristo Rei, Barra do Pari e Passagem da Conceição, com o objetivo de melhorar o abastecimento. Entretanto, essas iniciativas não solucionaram o problema, devido à infraestrutura de distribuição deficiente e antiga, que frequentemente apresenta vazamentos e rupturas.

Em abril de 2024, a então pré-candidata à prefeitura, Flávia Moretti, argumentou que a construção das ETAs não seria suficiente para resolver o problema, apontando a rede de distribuição antiga e inadequada como um dos principais obstáculos para a efetiva entrega de água às residências.

A nova administração de Várzea Grande, liderada por Flávia Moretti e Tião da Zaeli, assumiu o município enfrentando um déficit significativo no Departamento de Água e Esgoto (DAE), estimado em aproximadamente R$ 500 milhões.

Medo e ameaça

Durante a gestão de Kalil Baracat em Várzea Grande, a população também enfrentou desafios significativos relacionados ao abastecimento de água. Em agosto de 2021, moradores chegaram a protestar em frente à prefeitura devido à falta d'água, demonstrando insatisfação com a situação. Apesar desses protestos, há relatos de que muitos residentes evitavam denunciar publicamente os problemas por medo de represálias, seja por ameaças diretas, retaliação política ou ausência de canais seguros para manifestação.

Nos últimos dois anos, a equipe de reportagem da FTN Brasil visitou diversos bairros do município e constatou que grande parte dos moradores afirmava temer prejuízos em suas vidas profissionais ou pessoais caso denunciassem a situação. Esse clima de apreensão levou muitos residentes e líderes comunitários a minimizar ou ocultar as falhas da administração anterior, que carecia de transparência e valorização da comunidade.

A nova gestão tem promovido um ambiente mais aberto e transparente, encorajando a população a expressar suas preocupações sem temor de represálias. A prefeita Flávia Moretti enfatizou a importância de uma equipe técnica comprometida com resultados para a sociedade várzea-grandense.

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Protesto em vários lugares

O problema hídrico em Várzea Grande não foi resolvido ao longo dos anos, e a população chegou a um ponto de exaustão, onde o silêncio já não é mais uma opção. Muitos cansados de não terem respostas que busca da atual gestora que está na administração do município em menos de 60 dias de atuação.

Na semana passada, os moradores do Residencial Colinas Douradas e de áreas vizinhas bloquearam a Rodovia Mário Andreazza, em Várzea Grande, utilizando a faixa de pedestres para impedir a passagem de veículos, o que resultou em congestionamento do trânsito. Esse episódio é parte de uma série de protestos provocados pela crise hídrica na cidade, um fator que tira o sossega de muitos várzea-grandense, que já levou a bloqueios de outras avenidas, como a Filinto Müller e o Capão Grande, onde foram utilizados pneus incendiados.

Na última quinta-feira (13), residentes se reuniram em frente à prefeitura, vestidos de preto para expressar sua insatisfação com a situação. Durante o protesto em frente a prefeitura, os moradores conversaram com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Samir Bosso Katumata, que ouviu o apelo da população.

Na quarta-feira (12), os moradores do bairro São Matheus queimaram pneus na Avenida Senador Filinto Müller em protesto. Segundo uma moradora, há quase uma semana estão sem receber uma gota de água em suas casas.

Situações semelhantes foram registradas em outros bairros, como Jardim das Oliveiras, São Benedito, Paiaguás e São Simão, onde os moradores afirmam enfrentar problemas no abastecimento há quase um mês. Alguns relataram a necessidade de comprar água mineral para cozinhar e tomar banho, enquanto outros recorrem à coleta de água da chuva para suprir necessidades básicas.

Decreto de Calamidade Pública

Em resposta à crise hídrica, a Prefeitura de Várzea Grande decretou estado de calamidade pública por 180 dias, permitindo a adoção de medidas emergenciais para restaurar o abastecimento. Durante esse período, estão proibidos o uso de água fornecida pelo município para abastecimento de piscinas e lavagem de fachadas, calçadas, pisos, muros e veículos com uso de mangueiras.

A administração municipal atribui a crise a fatores como furtos de equipamentos essenciais, atos de vandalismo em estruturas do DAE-VG e falhas operacionais nas estações de tratamento. Um Comitê de Crise foi criado para coordenar ações visando a normalização do abastecimento.

 

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