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Política e Eleições Quinta-feira, 01 de Fevereiro de 2024, 17:00 - A | A

01 de Fevereiro de 2024, 17h:00 A- A+

Política e Eleições / SAÚDE DE CUIABÁ

Prefeito afirma que o número de óbitos dobrou no São Benedito após Intervenção Estadual e que medidas serão tomadas na próxima semana

O balanço apresentou um aumento de quase 100% de mortes durante o período da intervenção. Entre 15 de março de 2022 e 31 de dezembro de 2022 - período pré-intervenção - foram 105 mortes no Hospital São Benedito

ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO

 A Prefeitura de Cuiabá apresentou um panorama da saúde do município, após a intervenção estadual, que geriu o setor de março a dezembro passado. O Executivo Municipal detalha uma série de falhas e afirma que o Governo do Estado não cumpriu com o que foi determinado pelo judiciário de Mato Grosso.

O pronunciamento dos dados do relatório foram apresentados na manhã desta quinta-feira (01), durante entrevista concedida durante a divulgação do balanço do período em que a pasta esteve sob a administração do Estado.

O relatório situacional após o período de intervenção do Governo do Estado na Saúde de Cuiabá aponta que o número de mortes no Hospital Municipal São Benedito quase dobrou no período de 15 de março a 31 de dezembro de 2022 e de 15 de março a 31 de dezembro de 2023. Ou seja, no período em que a administração não pertencia à Prefeitura de Cuiabá. Quando foram registrados 105 óbitos em 2022 e 196 na gestão da intervenção (um aumento de 86%).

 

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"A verdade dos fatos está descrita nesses números, vidas perdidas. Retiraram as especialidades do Hospital São Benedito, sem cirurgia de alta complexidade, e não tivemos pandemia, sem nenhuma justificativa para esse aumento. O transformaram em um hospital de retaguarda, mas sem o suporte adequado às pessoas transferidas das UPAs e Policlínicas. É uma ação criminosa que será levada ao conhecimento das autoridades competentes para apuração", declarou Pinheiro.

"Sala de espera da Morte". Esse foi o nome dado pelo prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), para a enfermaria do Hospital São Benedito, enquanto a Saúde do município estava sob a Intervenção do Estado. 

"O que está se falando aqui, é uma das coisas mais graves que eu já ouvi na minha vida pública. Eles estavam acumulando os pacientes na enfermaria para morrer no São Benedito. Isso é um assassinato em massa. O número de óbitos do São Benedito dobrou em nove meses, então fizeram daquele hospital uma 'câmara de gás'", disse Emanuel. 

“Sem nenhuma dúvida, essa é uma das coisas mais graves que já vi durante toda minha vida pública. Posso considerar como uma das coisas mais espantosas. O Hospital São Benedito foi transformado em uma câmara de gás. Em nove meses e meio de gestão estadual, o número de óbitos dobrou, sem justificativas plausíveis, pois em 2023 não tivemos pandemia. Um verdadeiro assassinato em massa. Isso não ficará impune”, afirmou o chefe do Executivo Municipal.

O secretário de Saúde, Deiver Teixeira, fez uma ampla e robusta apresentação dos desafios deixados para o Município, que incluem a falta de médicos, insumos, medicamentos (alguns há mais de 150 dias), deficiências graves na rede estrutural de obras 'entregues' pela intervenção. Isso, sem contar que a intervenção teria deixado mais de R$ 130 milhões em dívidas para 2024.

“Estamos diante de um cenário trágico, dramático e que, indiscutivelmente, só impôs sofrimento àquelas pessoas que buscavam ajuda”, explicou Deiver Teixeira.


Também foi registrada a falta de 82 vigilantes, 22 recepcionistas, nove atendentes de farmácia, dentre outros profissionais. “Aguaçu, Jokcye clube, São Gonçalo, Parque Cuiabá e Dom Aquino estava com déficit de médicos. Então, percebemos que a falta de médicos não foi solucionado como foi determinado judicialmente. E além da falta de médicos, havia falta de outros profissionais nas unidades. (atendentes de farmácia, recepcionistas, vigilantes)”, completou Deiver.
 
No que diz respeito a estrutura física, o secretário pontua que unidades que foram entregues pela Prefeitura, pouco antes do início da intervenção, já estão sucateadas. Como exemplo, ele cita a unidade do Jardim Vitória.
 
“A estrutura está complicada. O que a gestão municipal encontrou foi inúmeras unidades sucateadas, sem nenhuma assistência, um descumprimento quase absoluto da determinação, havendo uma distância abissal daquilo que foi apresentado a mídia pelo gabinete de intervenção e a realidade encontrada”, colocou.
 
Diante de todo panorama apresentado, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) afirma que irá analisar, minunciosamente, todos os dados e apresentar as medidas emergenciais na próxima semana.
 
“Semana que vem vou anunciar as medidas que irei tomar com relação a esse quadro dramático que recebemos como herança do gabinete de intervenção. Medidas emergências precisam ser tomadas sob pena de colapso da saúde pública do município”, disse.

 

Assessoria

PREFEITO E SECRETÁRIO DEIVER

 

O gestor assistencial do Hospital São Benedito, Prioter Antonito, enfermeiro obstetra que atua na rede de saúde há 28 anos  na área de urgência e emergência, disse fazer parte do corpo clínico do Hospital São Benedito desde a sua abertura.  Ele fez um relato sobre a situação imposta à população.

“O Hospital São Benedito era referência no atendimento a pacientes graves. O índice de mortalidade era infinitamente menor. No entanto, após a intervenção estadual, os pacientes atendidos nas unidades de Saúde eram regulados após pedidos médicos para o hospital, para aguardar uma possível vaga em outros hospitais. Com trinta leitos de UTI, sendo vinte para regulação e dez para atender as demandas do hospital, que sempre ficavam lotadas, esses pacientes, necessitando de atendimentos específicos, por se tratar de casos graves com patologias instaladas, como derrame pleural ou aneurismas, eram colocados na enfermaria. Com isso, chegamos a registrar de cinco a seis óbitos por dia”, afirmou o enfermeiro".

"Nós tínhamos a retaguarda da mudança clínica do hospital para atender pacientes graves; os números de óbitos eram menores devido a essa situação de atendimento, respeitando a patologia. Depois, abriram o leque para a demanda de UPA e Policlínica; os pacientes chegavam graves na UPA e policlínica e eram encaminhados para o Hospital São Benedito", explicou Prioter Antonito. Segundo ele, essa mudança foi o que causou o aumento de óbitos no período.

Segundo Pioter, durante a Intervenção, a unidade não tinha suporte para aceitar alguns pacientes recebidos. O atendimento da demanda também acontecia de forma irregular, onde os pacientes mais graves estavam sendo atendidos em segundo plano.

Os quartos também não eram suficientes para o número de pacientes recebidos, devido a isso eles estavam sendo acomodados na enfermaria, mesmo os casos mais graves e de urgência. 

"A chance de óbito se eleva diante da situação. Isso porque, tínhamos 30 leitos de UTIs, sendo 20 leitos para a regulação, e dez leitos para atender o hospital. O paciente já chegava grave, conforme ficava na espera ele ia agravando o caso. O paciente sofreu uma piora, precisava entubar, vai pra onde, não dá para transferir, então morria na enfermaria", detalhou o gestor.

Ainda segundo o Pioter, houve dia em que o hospital chegou a registrar mais de 5 óbitos. Com intenção de mascarar a negligência do hospital para com os pacientes, ao comunicar os óbitos aos familiares, os médicos tinham que buscar no prontuário doenças crônicas que os pacientes já tinham para apontar a causa/óbito, no entanto alguns não ficavam convencidos.

"Pela minha experiência, faltou manejo na hora de administrar, agravando a situação da saúde de Cuiabá, que já não era fácil, saindo do controle completamente", finalizou.  

 

Assessoria

GERENTE PIOTER

 

 

Na próxima semana. o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, fará o anúncio das medidas já adotadas e que ainda serão implementadas na saúde.

Por meio de nota, o Gabinete de Intervenção revela que ainda não teria tomado conhecimento de todo o teor da coletiva de Emananuel Pinheiro, antecipando, porém, que as notícia repassadas à jornalistas 'não passariam de mais uma conversa fiada do prefeito'.

Veja a nota na íntegra

O Gabinete de Intervenção ainda não tomou conhecimento da fala do prefeito da capital, mas informa que:

1)Todos os números de atendimentos médicos, ambulatoriais e de UTIs tiveram aumento porque o Hospital São Benedito estava praticamente fechado antes da intervenção assumir a saúde da capital;

2)Ou seja, só por essa informação já é possível constatar que trata-se de mais uma conversa fiada do prefeito Emanuel Pinheiro que, ao invés de trabalhar e garantir atendimento digno à população, cria cortina de fumaça para acobertar o caos que é sua gestão.

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