PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Representantes de famílias de brasileiros de origem palestina uniram-se para pedir ao governo federal que interceda junto às autoridades internacionais para facilitar a saída de 150 parentes, dos quais cerca de 90 são crianças, da Faixa de Gaza e permitir que elas venham para o Brasil em busca de segurança e melhores condições de vida. Dois representantes dessas famílias estiveram em Brasília nesta semana e foram recebidos nos ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e das Relações Exteriores (MRE).
As famílias afirmam que os parentes estão vivendo em condições de extrema dificuldade na Faixa de Gaza, devido à falta de alimentos, medicamentos e suprimentos básicos. Além disso, estão constantemente expostos a conflitos e ataques na região, o que coloca suas vidas em risco. Desesperadas com a situação de seus parentes, pedem celeridade nas negociações para que seus parentes sejam resgatados o mais rápido possível. Eles acreditam que o Brasil, como país acolhedor e solidário, pode ajudar a salvar a vida dessas pessoas que estão em situação de vulnerabilidade extrema na Faixa de Gaza.
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O grupo pede uma portaria interministerial concedendo vistos para fins familiares para os parentes desses brasileiros, além de uma ajuda na travessia para o Egito.
O MRE informou, por meio da assessoria, que está sensível à solicitação do grupo e que vai analisar as possibilidades para trazer essas pessoas de Gaza.
O governo brasileiro afirmou que está analisando a situação e buscando formas de auxiliar as famílias, mas ressaltou que o processo de retirada dos parentes da Faixa de Gaza é complexo e envolve diversos órgãos e autoridades internacionais.
O grupo de brasileiros de origem palestina vive no Brasil há muitos anos, em diversos estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia. Eles são orientados por um grupo de advogadas especializadas em direito internacional e direitos humanos.
Travessia de risco
A advogada Talitha Camargo da Fonseca esteve nas reuniões com os representantes dos ministérios, em Brasília, e reforçou a necessidade de ajuda para realizar a travessia devido aos chamados “comerciantes de guerra”, que estão cobrando de U$S 5 mil a US$10 mil, por pessoa, para transportar palestinos para o Egito.
“Uma empresa privada egípcia está cobrando para fazer a travessia por Rafah. A gente confia na diplomática brasileira, uma das melhores do mundo, para conseguir acessar essas pessoas. Nós não solicitamos nem o avião. Se necessário, a comunidade palestina no Brasil paga as passagens. Mas é necessária a intervenção do Brasil para a gente conseguir”, explicou.
De acordo com Talitha, os representantes do Itamaraty e do Ministério da Justiça receberam positivamente as solicitações do grupo. “Aguardamos assim a construção da portaria, os vistos e o planejamento para travessia dos familiares de palestinos-brasileiros” destacou a advogada.
De acordo com a assessoria do Itamaraty, a comitiva de brasileiros de origem palestina foi recebida pelo chefe de gabinete do ministro Mauro Vieira, o embaixador Ricardo de Souza Monteira. Ainda segundo a assessoria, a pasta está sensível a essa demanda, haja vista as operações realizadas de repatriação de brasileiros na Faixa de Gaza, e está analisando como pode auxiliar o grupo, disse a assessoria.