ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
O Ministério Público do Estado (MPE) deu parecer favorável à retirada da tornozeleira eletrônica e de outras medidas cautelares que foram impostas à empresária Maria Angélica Caixeta Gontijo, que chegou a ser apontada e presa como mandante da morte do empresário Roberto Zampieri em 5 de dezembro do ano passado, todavia, com o decorrer da investigação não foram colhidas provas suficientes para indiciá-la.
Zampieri foi morto a tiros, quando deixava seu escritório em Cuiabá, em dezembro passado. Logo depois, Maria Angélica foi presa, por suspeita de envolvimento no crime.
A prisão, no entanto, acabou sendo revogada pelo juiz João Bosco Soares da Silva, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo) da Capital, sob a condição da empresária ser monitorada e de cumprir uma série de obrigações.
No início deste mês, a Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou três pessoas, mas deixou Maria Angélica de fora, diante da ausência de provas de que a suspeita teria participado do enredo criminoso. Diante desse cenário, a defesa protocolou pela revogação das medidas cautelares.
Convocado a se manifestar nos autos, o MPE, através do promotor de Justiça Samuel Frungilo, deu razão à defesa.
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Além de não ter sido indiciada, o membro ministerial lembrou que Ministério Público sequer denunciou a empresária.
Ao defender a revogação das cautelares, o promotor destacou a ausência de indiciamento da empresária, por conta de "elementos de convicção que vinculasse a mesma aos indiciados já denunciados".
“Com efeito, após o indeferimento da prorrogação de sua prisão temporária, foram fixadas diversas medidas cautelares diversas da prisão, contudo, concluído o IP, não foi oferecida denúncia contra a requerente por não terem sido carreado aos autos, até o presente momento, elementos de convicção que vinculasse a mesma aos indiciados já denunciados”.
“Ante o exposto, manifesta-se o MP favorável à revogação das cautelares outrora impostas”, concluiu o promotor.
Além da tornozeleira, Maria Angélica cumpre as cautelares: manter o endereço e contato atualizados; não mudar de residência sem autorização judicial; comparecer a todos os atos processuais; e suspensão do passaporte e do certificado de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC).
O processo tramita em segredo de justiça.
O crime
Roberto Zampieri tinha 56 anos e foi assassinado na noite do dia 5 de dezembro de 2023, na frente de seu escritório localizado no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. A vítima estava dentro de uma picape Fiat Toro quando foi atingida pelo executor com diversos disparos de arma de fogo.
Foram denunciados: Antonio Gomes da Silva, Hedilerson Fialho Martins Barbosa e Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, que vão responder por homicídio triplamente qualificado. Todos seguem presos.
De acordo com a denúncia, o crime foi cometido mediante paga e promessa de recompensa, com recurso que dificultou a defesa da vítima e emprego de arma de uso restrito.
Segundo apurado na fase de investigação, por motivos ainda não esclarecidos, o coronel reformado Etevaldo contratou o pedreiro Antonio e o instrutor de tiro e despachante Hedilerson para matar Roberto Zampieri. Em novembro, Antonio procurou a vítima sob o falso pretexto de contratar seus serviços profissionais. Ele chegou a marcar uma visita a uma propriedade rural com o advogado, com a intenção de matá-lo com uso de uma marreta. Na data marcada, Zampieri mandou um amigo em seu lugar, frustrando o plano.
Posteriormente, Antônio solicitou que Hedilerson lhe trouxesse uma arma de fogo para execução do crime, recebendo uma pistola marca Taurus 9mm.
“Na noite do macabro assassinato, a vítima saiu do interior de seu escritório de advocacia e, instantes após entrar no seu veículo automotor, foi surpreendida por Antonio Gomes da Silva, que já a espreitava, oportunidade em que foi atingida por diversos disparos de arma de fogo, que causaram sua morte por choque hipovolêmico decorrente de ferimentos perfuro-contundentes”, narrou a denúncia.
Antônio receberia R$ 40 mil para a execução do crime.