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Polícia Quinta-feira, 21 de Dezembro de 2023, 08:24 - A | A

21 de Dezembro de 2023, 08h:24 A- A+

Polícia / CRIME BRUTAL EM CUIABÁ

Empresária, mandante do crime de homicídio contra o advogado Roberto Zampieri é presa em Minas

De acordo com as investigações da DHPP de Cuiabá e também de Belo Horizonte, a morte de Zampiere foi encomendada devido a uma ação por disputa de terras

ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO

Apontada como mandante da morte do advogado Roberto Zampieri, a empresária e  farmacêutica, Maria Angélica Caixeta Gontijo, foi detida nesta quarta-feira (20), em Patos de Minas (MG) como a mandante do crime. No momento da prisão, a investigada estava com uma pistola 9mm, do mesmo calibre que o utilizado no homicídio do advogado Roberto Zampieri.

O autor dos disparos identificado como Antônio Gomes da Silva, foi preso em Santa Luzia, cidade localizada na região metropolitana de Belo Horizonte

As prisões do executor e da mandante foram decretadas pelo juiz João Bosco Soares da Silva, do Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá, com base nas investigações conduzidas pela equipe da DHPP de Cuiabá.

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A ação conjunta foi realizada pela Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) de Cuiabá e também pela DHPP de Belo Horizonte. As investigações continuam em andamento e um terceiro envolvido já está sendo procurado. Informações indicam que se trata de um advogado, que esteve em Cuiabá e teria tido contato com o executor do crime. 

Homicídio

O advogado Roberto Zampieri tinha 56 anos e foi assassinado na noite do dia 05 de dezembro, na frente de seu escritório localizado no bairro Bosque da Saúde, na capital. A vítima estava dentro de uma picape Fiat Toro quando foi atingida pelo executor com diversos disparos de arma de fogo.

Entenda o caso

A empresária Maria Angélica havia sido condenada, no último dia 29 de novembro, a pagar R$ 200 mil de indenização à vítima e ao produtor rural Evelci de Rossi. Uma semana após a derrota judicial, Zampieri foi assassinado em frente ao seu escritório, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.  

A relação de Zampieri com Maria Angélica começou em 2020, quando o advogado foi contratado para representá-la em casos relacionados à Fazenda Lago Azul, hoje conhecida como Fazenda Mineira. A propriedade, localizada em Ribeirão Cascalheira, pertencia aos pais da farmacêutica.

No documento, Maria Angélica aparece como representante de seus pais, que teriam vendido a propriedade à autora do processo. Na petição, a proprietária da fazenda afirma que detém a área desde 2017, e desde 2021 vinha sendo ameaçada por Maria Angélica. "Ressaltando que a área em questão sempre foi uma área de varjão, similar a do Pantanal e sem qualquer benfeitoria. Inclusive, as invasões da área ocorreram justamente pela falta de cuidado e zelo da Querelada e seus Genitores e, que segundo estes, não o faziam por questão financeira"diz a queixa crime. Evalci de Rossi e Roberto Zampieri trataram de toda situação de venda da fazenda e o contrato foi fechado com anuência da Maria Angélica e seus pais.

Desta forma, segundo a representação, estaria encerrando-se a relação entre Zampieri e sua algoz. Mesmo com a venda da fazenda, a representação indica que Maria Angélica frequentava o local com anuência no novo proprietário, já que toda negociação ocorreu de forma pacífica. Porém, como houve tentativa de invasão à propriedade, Zampieri chegou a acionar o invasor na Justiça, patrocinando ação em nome de Maria Angélica e seus pais, já que toda documentação da fazenda ainda não estaria em nome de Evelci. Foi aí que começou a briga entre ambos.

Com a ação, Maria Angélica notificou Evelci sobre o desfazimento da venda da fazenda e rescindiu o contrato com Zampieri, que acabou no lado oposto à ex-cliente. "Em resposta, os Querelantes encaminharam contranotificações a mesma (Doc. 07) e percebendo que ânimos entre as partes não estavam mais pacíficos, entendeu por apartar a relação com a mesma, ainda, como a Querelada havia dissolvido a relação contratual com o Dr. Roberto, Evelci o contratou para promover a defesa de seus interesses em prol do referido imóvel".

A partir daí, Maria Angélica declarou "guerra" a Roberto Zampieri e Evelci. "Convém ressaltar que em tais trechos a Querelada, mediante seu patrono passou a argumentar que (1) o Querelante/ Roberto – traiu seus interesses no âmbito profissional, (2) que o Querelante/Evelci falsificou sua assinatura, obteve sua falsa anuência, e que se trata de estelionatário", afirma. A queixa-crime aponta diversas ofensas e acusações contra Zampieri e Evelci. Entre elas, de que o advogado estaria envolvido em venda de sentenças e outras fraudes. 

"Ainda, se já não bastasse tais alegações, a Querelada, com intuito de fazer valer tais arguições entendeu por registrar boletins de ocorrência justificando que os Querelantes estão ameaçando a mesma, todavia INEXISTE A PRÁTICA DE TAIS COMPORTAMENTOS POR ESTES, incorrendo tais atos em novo crime".

Zampieri e Evelci demonstraram na queixa-crime que foram alvos de diversos boletins de ocorrência por parte da mandante do assassinato. Sem provas, ela desapareceu de Ribeirão Cascalheira e registrou acusações na delegacia de Sinop. "Desse modo, é patente a intenção/dolo da Requerida em imputar, falsamente, a prática de crimes pelos Requeridos, bem como ofender a honra objetiva e subjetiva deste perante a sociedade, desse modo, a sua condenação é devida", assinala a queiza-crime. Na sequência, a defesa do advogado e do produtor pede R$ 200 mil - R$ 100 mil para cada - por conta dos crimes de calúnia, injúria e difamação promovidos pela empresária.

Condenação

Em 29 de novembro, a juíza Alanna do Carmo Sankio, substituta da Vara Única de Ribeirão Cascalheira deferiu o pedido do advogado e do produtor. "Defiro o pleito. Promova-se a citação do acusado no endereço indicado pelo Ministério Público", sintetizou.

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