PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
A reativação de balanças entre eixos nas rodovias de Mato Grosso desencadeou em debate de audiência pública, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), nesta última segunda-feira (4), especialmente considerando o impacto que pode ter sobre a logística de grãos e a renda dos motoristas de caminhões.
Participaram da audiência o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber; o vice-presidente Norte da Aprosoja-MT e presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson Redivo; o coordenador da Comissão de Logística da entidade, Mateus Goldoni e o coordenador-técnico da Comissão, Orlando Vila. A audiência foi requerida pelo deputado Gilberto Cattani.
Impacto aos pequenos produtores
De acordo com o ponto levantado pelo presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, destaca uma preocupação válida sobre os impactos específicos que a reativação das balanças entre eixos pode ter sobre os pequenos produtores, pois como não possuem estrutura de armazenagem ou colheitadeiras com balanças, terão que reduzir a carga para terem a certeza que não estão ultrapassando o limite.
Lucas também enfatizou que não é de interesse de nenhum agricultor ou motorista exceder o peso em seus veículos, pois isso pode levar os veículos a quebrarem e acarretar em mais prejuízo. Além disso, o poder público já pode realizar a fiscalização por meio das notas fiscais. “A nota fiscal é mais do que suficiente e ágil para se fazer essa fiscalização. E ninguém vai exagerar, pois um caminhão quebrado também dá prejuízo. Então, tudo é a coerência, defendemos aquilo que é lícito, mas dentro da lavoura não tem como pesar. Se der 10% a mais ou a menos, não é isso que vai fazer a diferença”, disse.
- Falta de estrutura de armazenagem e colheitadeiras com balanças: Os pequenos produtores muitas vezes não têm acesso à mesma infraestrutura de armazenagem e equipamentos de colheita que os grandes produtores possuem. Isso significa que eles podem ter mais dificuldade em ajustar suas cargas para atender aos limites de peso impostos pelas balanças entre eixos.
Ademais, há a questão da umidade dos grãos, onde o mesmo volume de carga pode apresentar pesos diferentes. “Sem dúvida, vai precisar de mais caminhões, o que vai aumentar ainda mais o tráfego e aumentando o desgaste dessas rodovias”, pontuou Lucas, alertando ainda que há o risco de caminhões ficarem parados nas filas de balanças, reduzindo a renda dos motoristas.
- Redução da carga como medida preventiva: Como uma medida preventiva para evitar multas ou problemas durante o transporte, os pequenos produtores podem optar por reduzir suas cargas abaixo do potencial máximo. Isso pode resultar em uma perda de eficiência e produtividade para esses produtores, impactando diretamente em sua rentabilidade.
- Desvantagem competitiva: A necessidade de reduzir cargas pode colocar os pequenos produtores em uma posição de desvantagem competitiva em relação aos grandes produtores, que podem ter recursos para investir em soluções alternativas, como a aquisição de equipamentos com balanças embutidas ou a contratação de serviços de transporte mais sofisticados.
- Impacto econômico local: A redução da capacidade de transporte dos pequenos produtores pode ter um impacto econômico mais amplo nas comunidades rurais, afetando fornecedores locais, prestadores de serviços e outros negócios dependentes da agricultura.
- Necessidade de apoio e alternativas: Para mitigar esses impactos, é importante que as autoridades e organizações relevantes ofereçam apoio aos pequenos produtores, seja por meio de orientação sobre conformidade regulatória, assistência para investir em tecnologia de pesagem ou explorando alternativas de transporte que minimizem o impacto das balanças entre eixos.
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Já o consultor de logística da Aprosoja-MT, Edeon Vaz, destacou que nem mesmo as trades possuem balanças para pesar peso por eixo. Ele lembrou que a maioria dos contratos com as concessionárias citam a balança, mas é preciso rever a necessidade de se tê-las. E, caso seja decidido pela reativação as balanças, que seja por peso bruto total, defendeu Edeon.
“Nós sabemos que as rodovias são penalizadas quando há excesso de carga. A gente não gostaria que fosse implantada, mas caso venha a ser implantada, que ela seja por peso bruto total, e aí se daria uma margem de tolerância de 10% para que você possa remanejar carga”, sugeriu Edeon Vaz.