PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Na noite de quarta-feira (30), o secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Fábio Garcia (União), negou ter se recusado a liberar emendas da deputada estadual Janaina Riva (MDB) e classificou como infundadas as acusações de perseguição política.
Pela manhã, em sessão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Janaina afirmou que Garcia teria dito a um prefeito, em reunião reservada, “As emendas da Janaina eu não vou pagar”, acusando-o perseguição política” e “chantagem institucional” .
Em vídeo publicado em suas redes sociais (veja no final desta reportagem), Garcia fez referência ao histórico criminal do pai de Janaina Riva, o ex-deputado José Riva — que confessou crimes de corrupção, firmou delação premiada com o Ministério Público Estadual e chegou a ser preso — sem, porém, mencionar nomes.
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“Se a senhora quiser me enfrentar, eu estou pronto. E mais: muito tranquilo. Eu tenho história na minha vida de muito trabalho e de muita honestidade. Eu não fui criado com o dinheiro da corrupção, pelo contrário. Eu fui criado e crio as minhas filhas com o dinheiro do meu trabalho honesto. Estudei pra isso, trabalhei pra isso e faço disso, da honestidade, um pilar de educação na minha casa". No vídeo, a fala de Garcia é ilustrada por uma fotografia de Janaina ao lado do pai.
O chefe da Casa Civil também criticou a parlamentar por empregar um termo considerado pejorativo ao sugerir que ele fizesse “molecagem e ameaçazinha” lá para “suas negas”.
“Que fala baixa e racista, deputada Janaína Riva. Se a senhora quiser partir para o enfrentamento comigo, eu estou pronto”, disse. afirmou Garcia.
Em outro trecho, Garcia afirmou ter sido alvo de um “ataque baixo” por parte da deputada Janaina Riva, que, segundo ele, se baseou em uma “mentira” ao acusá-lo de obstruir o pagamento de suas emendas parlamentares.
“Ninguém aqui faz política com medo. Ao contrário de outros tempos de Mato Grosso, os tempos da corrupção, que a senhora conhece bem
“Primeiro que não é a senhora que vai me obrigar a pagar suas emendas. É a lei que já obriga ao Executivo estadual ou federal a pagar as emendas impositivas”, afirmou o secretário.
O secretário também rebateu outra fala da deputada, na qual ela dizia não ter medo dele, do governador ou de qualquer secretário.
“Vossa Excelência não precisa ter medo de ninguém. Ninguém aqui faz política com medo. Ao contrário de outros tempos de Mato Grosso, os tempos da corrupção, que a senhora conhece bem, os tempos do medo. Não, aqui não se trata de medo nem de perseguição, mas sim de posicionamento político”, acrescentou.
Garcia ainda insinuou que a deputada possa ter envolvimento em irregularidades na Secretaria de Estado de Agricultura Familiar, comandada por Luluca Ribeiro, indicado de Janaina, exonerado em julho do ano passado sob suspeita de corrupção.
“Aproveita, deputada Janaina, e esclarece para a sociedade que tipo de política você buscava fazer com as suas emendas e indicações da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar, cujo secretário foi o indicado por muito tempo”, provocou.
Entenda melhor o caso
Durante sessão na ALMT nesta quarta-feira (30), a deputada Janaina Riva subiu o tom contra o secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia, ao acusá-lo de obstruir o pagamento de suas emendas parlamentares. Do plenário, a parlamentar relatou um episódio constrangedor envolvendo um prefeito do interior, que teria sido informado por Garcia, em reunião reservada: “As emendas da Janaina eu não vou pagar.”
Em tom inflamado, a deputada ameaçou endurecer sua atuação na ALMT caso Fábio Garcia não libere o pagamento de suas emendas. “Vai pagar cada centavo das minhas emendas será pago. E, se não for, mas vai me enfrentar com força com muita força aqui na Assembleia, de uma forma que ele nunca viu.”
A deputada classificou a postura do secretário como “perseguição política” e “chantagem institucional” e avisou que reagirá com ainda mais vigor contra qualquer retaliação. "Esse é um direito que foi me dado nas urnas, e se ele quer me perseguir de alguma forma, que ele use aquilo que é dele. Ele não vai usar dinheiro público para perseguir deputado e eu não tenho medo dele, e nem medo do governador e de nenhum secretário", continuou a parlamentar.
