PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Educadores em Mato Grosso têm utilizado uma forma criativa e visível de protesto contra o que consideram ser o desmonte da educação pública durante o governo de Mauro Mendes. Na manhã de terça-feira (16), no segundo dia do Acampamento da Resistência do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), os profissionais expõem faixas nos semáforos, trazendo à atenção do público as dificuldades e desafios enfrentados pelo setor educacional.
A mobilização dos trabalhadores da educação, que tem como lema “Mato Grosso Cresce e os/as Educadores/as Empobrecem! Assim Não Dá!" estendeu faixas de protestos nos semáforos da avenida Historiador Rubens de Mendonça (CPA), com objetivo de dar visibilidade às pautas de reivindicação.
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Os protestos destacam diversas questões, como a aprovação automática de estudantes que sequer compareceram às aulas. Confisco de 14% dos salários dos aposentados e pensionistas. Valorização salarial por meio de gratificação (gorjeta) aos profissionais que cumprirem metas, entre as quais, não faltarem mesmo com atestado.
Durante o ato, os profissionais presentes tiveram a oportunidade de fala e reivindicação. A professora Ana Carolina, de Barra do Bugres, lembrou da força da mobilização histórica do Sintep-MT, apesar da pressão e do descaso dos governantes. “Sou da época em que os salários demoravam seis meses para entrar na conta. Já passei por um período de atraso salarial. Mas reverencio meus ancestrais, pois aprendi com meus pais que nós somos o governo, por isso nossa luta”, ressaltou.
A dirigente estadual do Sintep-MT, Maria Celma Oliveira, foi uma das porta-vozes do ato de terça-feira, que contou com a participação de outros dirigentes sindicais de várias regionais do estado. Nas mensagens feitas pela dirigente foram destaques à população as falácias do governo sobre a qualidade da educação; a remuneração dos profissionais; e, políticas implementadas, que visam o desmonte da carreira e a precarização do ensino público.
Entre as questões levantadas, mencionaram o uso de recursos públicos na compra de materiais didáticos, criticando a aquisição de pacotes de aulas virtuais considerados desnecessários, já que o governo federal distribui gratuitamente materiais com o mesmo conteúdo.
Além disso, houve uma cobrança por um Concurso Público abrangente para todos os cargos da carreira educacional, visando substituir os contratos precários, que atualmente representam mais de 60% dos vínculos na educação estadual. A realização de concursos públicos é vista como uma medida necessária para garantir maior estabilidade e qualidade na educação.
A ação fez parte de uma agenda maior, que incluiu um acampamento e continuou à tarde com um 'Aulão'. Este evento reuniu convidados e representantes de movimentos sociais para discutir diversos assuntos que refletem as lutas de outros segmentos no estado. Essas discussões enfatizaram como os profissionais da educação e outros segmentos da sociedade sofrem sob um governo que, segundo eles, favorece empresários e o agronegócio em detrimento dos serviços públicos e da qualidade de vida da população mais necessitada.