PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Nesta terça-feira (30), a Polícia Federal (PF) intimou o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, que atuou durante todo o governo de Jair Bolsonaro (PL), para depor no inquérito que apura um suposto esquema de espionagem clandestina dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a mando de Alexandre Ramagem, que era diretor da Abin. Na época, a agência era subordinada à pasta comandada pelo general. O depoimento do general foi marcado para a próxima dia 6 de fevereio, na sede da PF, em Brasília (DF).
Conforme informações divulgadas pela PF, Heleno vai depor para a equipe que conduz o atual inquérito. Investigadores querem saber se ele tinha conhecimento das supostas ilegalidades cometidas supostamente por Ramagem na Abin e quem eram os destinatários dos produtos e relatórios produzidos.
As investigações apuradas indicaram que a Abin tentou favorecer familiares de Bolsonaro, com informações de forma ilegal de inquéritos contra a família, no esquema de espionagem.
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Até o momento, porém, general Augusto Heleno não havia sido mencionado nas decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizaram as operações para investigar o esquema de espionagem ilegal e que teria sido citado o diretor da Abin no governo Bolsonaro, Alexandre Ramagem, e o vereador de filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
O ministro Alexandre de Moraes afirmou que "os elementos de prova colhidos até o momento indicam, de maneira significativa, que a organização criminosa infiltrada na Abin também se valeu de métodos ilegais para a realização de ações clandestinas direcionadas contra pessoas ideologicamente qualificadas como opositoras, bem como para fiscalizar indevidamente o andamento de investigações em face de aliados políticos", declarou.
O magistrado também havia dito que a Abin foi usada na gestão bolsonarista para monitorar o caso Mariele Franco, ex-vereadora do Rio de Janeiro, que foi assassinada em 2018.
Ambos foram alvos recentes de mandatos de busca e apreensão no âmbito da Operação Vigilânica Aproximada. Atualmente no cargo de deputado federal, Ramagem teve seus endereços residenciais e seu gabinete revistados pela Polícia Federal na semana passada e, a partir do que foi encontrado nas bscas e com a quebra de sigilo das comunicações do parlamentar, a PF avançou e realizou na segunda-feira (29), buscas nos endereços de Carlos Bolsonaro, no Rio de Janeiro e em Brasília.
De acordo com as investigações da PF, Carlos Bolsonaro recebia as informações da estrutura que seriam levantadas de forma ilegal pela estrutura paralela de espionagem.
Conforme anunciado pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, no começo do mês, "cerca de 30 mil pessoas foram monitoradas".