ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
O desembargador Rui Ramos, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), acolheu o pedido de liberdade do investigador de polícia Mário Wilson Vieira da Silva Gonçalves, preso por matar a tiros o policial militar Thiago Ruiz em uma loja de conveniências em Cuiabá em abril deste ano. A decisão foi proferida na tarde desta segunda-feira (11).
O Ministério Público de Mato Grosso, que ofereceu a denúncia contra o investigador, apontou que o crime foi cometido com duas qualificadores, sendo uso de recurso que dificultou defesa da vítima e motivo fútil.
Na justificativa pela soltura do Investigador, o desembargador Rui Ramos decide que o Mario é réu primário, tem profissão lícita e endereço fixo, fator que revitaliza a perspectiva de abalo a ordem pública. “O Desembargador Rui Ramos concedeu liminar em habeas corpus… soltando o Mário”, confirmou o advogado que representa a defesa de Mário, Ricardo Monteiro.
No recurso, a defesa destaca o fato de Mário ter se entregado às autoridades após o crime, o que demonstrou disposição em colaborar com a justiça, e apontou também que este foi um fato isolado na vida dele. Além disso, argumenta que a prisão neste momento configura antecipação de pena. Ao analisar o pedido, o desembargador observou que o crime não foi algo premeditado, visto que ocorreu em meio a um “entrevero”.
Ao deferir o pedido de liberdade, o magistrado impôs uma série de medidas cautelares ao investigador, que incluem a suspensão do porte e posse de arma de fogo e funcional; suspensão da atividade policial, devendo permanecer apenas em função administrativa; recolhimento noturno; fazer uso de tornozeleira eletrônica, entre outras.
Relembre o assassinato
O crime ocorreu no dia 27 de abril, por volta das 3h30, no interior da conveniência de um posto de combustíveis, em Cuiabá. Mário e um amigo foram até a conveniência e lá encontraram uma terceira pessoa, que apresentou a vítima aos dois. Mário e Thiago se “estranharam” pela desconfiança sobre a condição de policial da vítima. Mário Wilson matou Thiago depois de uma conversa em que, supostamente, teria duvidado que o segundo era, de fato, PM. O policial civil tomou a arma do militar, eles entraram em luta corporal e Thiago acabou sendo morto por Mário Wilson.
“A conversa seguiu no sentido de um indagar ao outro informações acerca das atividades e formação policial de ambos, instante em que Thiago levantou a camisa para mostrar uma cicatriz de que era portador, momento em que Mário visualizou e se apossou do revólver que aquele trazia na cintura, afirmando que iria chamar a polícia para averiguar aquela arma. Neste interim sacou da pistola que trazia consigo e apontou em direção a Thiago, após o que voltou sua pistola para a cintura e permaneceu com o revólver da vítima em mãos”, diz a denúncia do MP.
Em seguida, a vítima tentou pegar de volta seu revólver, oportunidade em que os dois se atracaram e caíram no chão. Durante a confusão, testemunhas tentaram separar os dois, mas a vítima acabou sendo atingida por vários disparos de arma de fogo efetuados pelo denunciado. Horas depois do crime, o investigador negou à polícia ter discutido contra Thiago e alegou que atirou porque temeu pela sua vida, por achar que a vítima havia pegado a arma. Ocorre que foi um amigo do próprio investigador que havia retirado a pistola da mão do acusado.
Tribunal do Juri
No último dia 28, o juiz da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, Wladymir Perri determinou que Mário seja julgado Júri Popular. Contudo, a data do julgamento ainda não foi marcada.
Na mesma decisão, o magistrado negou a absolvição sumária do policial. Ele buscava o reconhecimento da excludente de ilicitude alegando legítima defesa. O autor do homicídio permanece no presídio de Chapada dos Guimarães.
"Com relação a revogação da prisão do acusado, o mesmo não comporta acolhimento, pois no caso dos autos, verifica-se que a prisão preventiva está adequadamente motivada, que demonstrou, com base em elementos concretos, a periculosidade do acusado, modus operandi e a gravidade do delito, evidenciadas pelas circunstâncias da conduta criminosa", determinou o juiz Wladymir Perri.