LUCIANA TADDEO
DA CNN
A Justiça argentina determinou o bloqueio dos bens e a quebra do sigilo bancário do ex-presidente da Argentina Alberto Fernández. A decisão, divulgada na noite desta terça-feira (9), se deve à investigação de uma suposta organização criminosa para desvio de verba com a contratação irregular de seguros para entidades estatais.
Um dos investigados é de Héctor Martínez Sosa, o cônjuge de María Marta Cantero, que era secretária do ex-presidente. “Existe suspeita de que este vínculo possa ter determinado seu papel preponderante na intermediação de seguros entre as entidades estatais e [a empresa seguradora] Nación Seguros S.A.”, diz a decisão judicial.
Desde um decreto de dezembro de 2021, durante a administração de Fernández, todo o setor público deveria contratar apólices de seguros através da empresa Nación Seguros S.A, que poderia inclusive fazer subcontratações.
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“Isso deu lugar para que grande parte daquelas contratações, fossem necessárias ou não, contassem com a participação de intermediários e organizadores (tanto pessoas físicas como jurídicas), entre os que se encontram, entre outros, Martínez Sosa”, diz a determinação judicial.
De acordo com a investigação, os intermediários recebiam pagamentos superiores aos do mercado e ou teriam sido indicados pelas repartições públicas mediante um processo de seleção irregular, inexistente, ou direcionado.
O texto determina que uma ordem seja emitida para o Banco Central do país para a interdição de cofres que Fernández e outras 32 pessoas ou empresas possam ter em diferentes entidades bancárias.
Também impõe a quebra do sigilo bancário, inclusive de contas já fechadas dos investigados e de aluguel de cofres e compra e venda de ouro e moeda estrangeira, mediante a solicitação de informações a entidades bancárias, financeiras e de câmbio desde 2009.
Fernández, que governou a Argentina de 2019 a 2023, nega ter participado de um esquema de corrupção. “Faço da honestidade um culto”, disse ele à Radio La Red, da Argentina, em fevereiro. “Não roubei nem participei de nenhum esquema nem autorizei nenhum esquema”, garantiu.
O ex-presidente chegou a dizer, inclusive, que é razoável que, diante da denúncia, o caso seja investigado.