JUNIO SILVA, SAMUEL PANCHER
DA CNN
Desde agosto, o governo brasileiro tem conhecimento do caso envolvendo um brasileiro que se tornou prisioneiro de guerra na Ucrânia. O caso foi revelado pelo Metrópoles nesta terça-feira (10).
Fontes ligadas ao assunto afirmaram à reportagem que a Embaixada do Brasil em Moscou acompanha o caso desde o último mês, quando familiares do brasileiro procuraram a representação diplomática para informar que o homem teria sido alistado à força no exército da Rússia.
Segundo o representante da Coordenação para o Tratamento de Prisioneiros de Guerra da Ucrânia, Petro Yatsenko, o brasileiro alegou ter chegado na guerra após uma falsa promessa de emprego em uma empresa russa.
Ao chegar na Rússia, no entanto, o homem foi inscrito no exército liderado por Vladimir Putin sem consentimento e, posteriormente, enviado para o front de batalha.
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A versão da autoridade ucraniana foi confirmada por fontes diplomáticas brasileiras.
Pessoas ligadas ao caso revelaram, ainda, que autoridades da Ucrânia não comunicaram a prisão do brasileiro para a embaixada do Brasil em Kiev.
O Ministério das Relações Exteriores, no entanto, ainda não respondeu os questionamentos do Metrópoles ou se pronunciou oficialmente sobre o assunto. O espaço segue aberto.
Relação Brasília x Kiev
A revelação do brasileiro feito prisioneiro de guerra pela Ucrânia acontece em um momento em que a relação entre Brasília e Kiev sofre ruídos.
Nessa segunda-feira (9/9), o governo da Ucrânia afirmou que mantém aberto o canal diplomático para um possível encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Volodymyr Zelensky.
De acordo com o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andrii Yermak, a reunião deveria acontecer na Ucrânia para que o presidente brasileiro tenha a chance de “ver o que acontece” no país e “ouvir as sirenes”. Segundo a autoridade ucraniana, tal experiência poderia mudar o posicionamento de Lula sobre o conflito.
Desde que Lula assumiu seu terceiro mandato presidencial, o Brasil tem adotado uma postura de neutralidade em relação à guerra. A Ucrânia, por sua vez, cobra um papel mais efetivo e apoio do petista na tentativa de resolver o conflito, que se estende por mais de dois anos.