DA REDAÇÃO
O dentista cuiabano Luiz Evaristo Volpato, que já foi presidente do Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso (CRO-MT), está envolvido em um grande escândalo financeiro. Em 2021, quando Volpato era tesoureiro do Conselho Federal de Odontologia (CFO), a entidade fez um investimento de R$ 40 milhões em uma empresa chamada Solstic Capital, que é acusada de ser uma pirâmide financeira. Esse investimento resultou em um prejuízo milionário para o CFO.
A história veio à tona depois que o site Metrópoles divulgou que o Tribunal de Contas da União (TCU) estava investigando um desvio de dinheiro no CFO, justamente por conta desse investimento. Na época da pandemia, o CFO decidiu investir na Solstic Capital com o objetivo de criar uma linha de crédito para dentistas que estavam passando por dificuldades financeiras. A Solstic se apresentava como intermediária do banco BTG Pactual, mas os R$ 40 milhões acabaram desaparecendo nas mãos da empresa.
As investigações sobre o caso estão em andamento. O TCU informou que há um processo em análise, mas os detalhes são sigilosos. A Polícia Federal também está investigando o caso por suspeita de lavagem de dinheiro e fraude em licitação. Volpato, por sua vez, afirma que desconhece a investigação da Polícia Federal e que, na época do investimento, a Solstic Capital foi pesquisada e nenhuma irregularidade foi encontrada. Ele alega que a Solstic se apresentou como parceira do BTG Pactual e que o CFO fez o investimento acreditando que o dinheiro seria transferido para uma conta do Conselho no banco.
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O CFO, por meio de nota oficial, classificou o caso como uma "fraude financeira" e afirmou que foi vítima de um "elaborado golpe". A entidade confirmou que a Solstic Capital não tinha autorização para receber depósitos ou oferecer remuneração. Apesar do grande prejuízo, o CFO assegurou que seus programas e ações continuam funcionando normalmente e que estão tomando todas as medidas legais para recuperar o dinheiro e punir os responsáveis, incluindo ações na justiça e denúncias ao Ministério Público Federal e ao TCU.
Confira o posicionamento de Luiz Evaristo Volpato
Em meados de 2021 o Brasil e o mundo ainda viviam os reflexos da pandemia do Covid-19. O CFO havia feito pesquisas com os profissionais inscritos e a principal demanda era por crédito em função das dificuldades financeiras naquele momento. O conselho entrou em contato com diferentes instituições buscando alternativas para a oferta de crédito aos profissionais quando acabou firmando o contrato com a Solstic Capital Investimentos e Participações.
A empresa Solstic se apresentou como uma intermediária de um processo que envolvia o banco BTG Pactual. Segundo a Solstic, seria estruturado um fundo de 120 milhões, em que o CFO entraria com 40 milhões e o restante viria de outras contas sob administração da Solstic. Esse recurso seria transferido para o BTG que ofereceria crédito em condições facilitadas para os profissionais da odontologia.
Naquele momento foram feitas pesquisas sobre a empresa e não foi constatada nenhuma irregularidade. Não tive conhecimento enquanto desempenhei minhas funções no CFO de qualquer ilegalidade praticada.
Foi transferido o montante para a Solstic e realizada a campanha do BTG direcionada aos cirurgiões-dentistas de todo o Brasil.
O valor transferido deveria ter sido transferido da conta transitória para a conta que o CFO abriu no BTG mas a Solstic alegava dificuldades operacionais. Ao longo do tempo foram feitas transferências, mas não chegaram ao montante total, apesar da cobrança feita pelo CFO nesse sentido. Durante todo o tempo a Soltic encaminhava extratos demonstrando a correção do valor que ainda não havia sido transferido.
Desconheço qualquer investigação da Polícia Federal.
Confira a nota do CFO na íntegra:
O Conselho Federal de Odontologia (CFO) esclarece acerca de investimento realizado durante as gestões 2018/2021 e 2021/2024, que culminou em uma fraude financeira, e informa todas as medidas internas, externas e providências jurídicas adotadas, pela atual gestão, para a recuperação dos valores.
Após minuciosa investigação, a atual gestão apurou que:
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- Durante a pandemia de COVID-19, que impôs severas restrições de funcionamento à odontologia, a direção anterior do CFO, em busca de soluções que atendessem à classe, foi apresentada a diferentes parcerias com diversas instituições financeiras para viabilizar linhas de crédito aos profissionais em dificuldades;
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- Em 2021, após avaliar diferentes opções de investimento, os então presidente e tesoureiro do CFO celebraram acordo com a Solstic Capital, representada pelo sr. Flávio Alexandre Batel Pereira, que se apresentou como interlocutor do Banco BTG Pactual, um dos maiores e mais respeitados do país, e realizou diversas reuniões na sede do mesmo banco.
- O CFO transferiu o total de R$ 40 milhões, sob a premissa de que os valores seriam imediatamente repassados para uma conta do CFO no Banco BTG Pactual. As análises técnicas da operação foram conduzidas por um prestador de serviço da área técnica da tesouraria, que acompanhou o trâmite operacional.
- A diretoria atual do CFO manifesta profunda indignação ao constatar que a entidade foi vítima de um elaborado golpe financeiro. Relatórios da auditoria externa confirmaram que a Solstic Capital não era habilitada pelo Banco Central ou pela CVM para custódia de depósitos ou para oferecer remuneração, e que o contrato estava à margem das normas do mercado financeiro. Até o momento, R$ 8.660.718,11 foram recuperados.
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- A atual direção do CFO não poupará esforços para que o caso seja totalmente elucidado, em todos os níveis e âmbitos, interno e jurídicos, e valores sejam recuperados integralmente.
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- O CFO lamenta que pessoas mal-intencionadas estejam utilizando este episódio e distorcendo fatos para tentar desestabilizar as entidades representativas da classe.
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- Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e a boa gestão dos recursos públicos.
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- Apesar da gravidade da situação, todos os programas e ações do Conselho permanecem em pleno funcionamento, sem prejuízo aos serviços prestados à classe odontológica.
Medidas adotadas para recuperação dos recursos
A atual gestão do CFO tomou imediatamente as seguintes providências ao constatar a gravidade da situação:
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- Instauração de apurações internas e solicitação de auditorias específicas e comissões;
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- Análise minuciosa dos extratos bancários e da documentação disponível;
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- Protocolo de ação de cobrança no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), processo de n° 1012194-73.2025.4.01.0000;
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- Apresentação de denúncia no Ministério Público Federal (MPF) e no Tribunal de Contas da União;
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- Implementação de novos procedimentos internos com camadas adicionais de segurança nos processos decisórios financeiros;
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- Processo de concentração de todas as aplicações financeiras em instituições oficiais com garantia governamental.
A atual Diretoria, ao assumir a gestão do CFO, imediatamente, solicitou que todas as providências acima descritas fossem tomadas por meio do superintendente e chefe do PROJUR.