PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
O ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, anunciou nesta terça-feira (7) que o governo federal irá editar uma medida provisória para viabilizar a importação de 1 milhão de toneladas de arroz para suprir as perdas com as inundações do Rio Grande do Sul. O objetivo é evitar que haja especulação sobre o preço do produto, com aumento para o consumidor.
De acordo com o ministro, a compra deverá ser feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Mapa, no mercado externo.
"O Rio Grande do Sul detém 70% da produção de arroz do Brasil. Tivemos perdas de arroz que estava nos armazéns alagados. Além disso, a grande dificuldade é a logística, tirar o arroz do Rio Grande do Sul e levar para o centro de distribuição. Está sendo preparada a MP autorizando a Conab a fazer compras na ordem de 1 milhão de toneladas", disse Fávaro, após reunião sobre a tragédia, no Palácio do Planalto.
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Arroz no RS
A previsão neste ano para o RS era de uma safra de 7,4 milhões de toneladas, mas esse cálculo foi feito antes das chuvas. O mercado brasileiro de arroz é relativamente ajustado e a produção nacional se aproxima do consumo doméstico que, anualmente, é em cerca de 10 milhões de toneladas.
Dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM) indicam que as enchentes causaram, de 29 abril até segunda-feira (6), mais de R$ 967,2 milhões em prejuízos financeiros. Desse valor, R$ 423,8 milhões são na agricultura.
A Conab aponta que os períodos de chuva excessiva ou secas severas causam impedimentos no cultivo do arroz, o que reflete em redução de área e perdas significativas na produção. Quando isso acontece, gera pressão sobre os preços internos do produto e ocorre uma redução no consumo. Com isso, para suprir a demanda, o país recorre a importação do produto para reabastecer os estoques.
Importação de arroz
O Brasil importa cerca de 1 milhão de tonelada por ano, a maior parte do Paraguai, que entra via terra por Mato Grosso do Sul. Por isso, a tendência é que a maior parte da importação também seja do Paraguai.
O objetivo do governo é importar e vender o grão para o mercado local.
"Quero deixar claro: o governo não pensa em hipótese alguma concorrer com os produtores de arroz, mas temos que compreender os problemas", disse.
O ministro frisou que o produto importado não será vendido para atacadistas para não prejudicar os agricultores. O arroz será direcionado diretamente a mercados de bairros periféricos das grandes cidades.
"Não é para concorrer, não vai comprar arroz e vender para os atacadistas. É para evitar desabastecimento".
Inicialmente, serão importadas 200 mil toneladas de arroz descascado e empacotado.
"Se formos rápidos na importação, evitamos o aumento (de preços)".