ELISA RIBEIRO
DA REDAÇÃO
O depoimento do ex-secretário nacional de Política Agrícola, Neri Geller, marcada para esta manhã de terça-feira (18), tem o intuito de ‘salvar sua pele’ e comprometer o governo Lula, uma vez que a gestão petista concentra em Geller a responsabilidade pelo ‘escândalo do arrozão’, que já resultou em pedido de CPI na Câmara dos Deputados.
O requerimento de convocação foi transformado em convite, por meio de um apoio cravado pelo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion (PP-AL). Membros da oposição compactuam com a visão de que Geller deve ser, agora, o algoz do governo Lula, já que foi colocado como bode expiatório diante do escândalo.
“O pai disso aí é o Planalto e o Ministro da Agricultura, entregaram a cabeça de um assessor, querendo fazer o legislativo acreditar que uma compra dessa magnitude, estaria a cargo de escalões menores”, disse o deputado José Medeiros (PL-MT).
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O vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Domingos Sávio (PL-MG), defende que a Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) passe por fiscalização rigorosa dos órgãos de fiscalização e que a exoneração de Neri Geller não equaciona o problema. “Não é achar que porque um secretário foi exonerado que o problema está resolvido. É preciso investigar não só o Leilão, mas outras compras da CONAB, que concentram volumes vultuosos”.
NESTA QUARTA-FEIRA (19)
Já o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), irá prestar esclarecimentos sobre o leilão bilionário de arroz na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (19).
Fávaro terá que explicar o leilão para compra de 263 mil toneladas de arroz, que foi anulado na semana passada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) após suspeitas de irregularidades. Além disso, ele terá que dar detalhes sobre a demissão Neri Geller da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.
Cancelamento do leilão
O Governo Federal anunciou nesta terça-feira (11), que o leilão para compra de arroz importado realizado na última semana foi anulado devido a questionamentos sobre as capacidades técnicas e financeiras por parte das empresas vencedoras.
O anúncio foi feito em entrevista coletiva dos ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, da Agricultura e Pecuária (MAPA), Carlos Fávaro, e do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto.
Cerca de 263 mil toneladas de arroz importado haviam sido arrematadas no dia 6 de junho pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para amenizar os impactos do preço do produto ao consumidor final diante da tragédia climática no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional do cereal.
Agora, o governo vai revisar os mecanismos estabelecidos para os leilões, com apoio da Controladoria Geral da União, da Advocacia-Geral da União e da Receita Federal, para realizar um novo pregão. "Nós vamos realizar outro, quem sabe em outros modelos, para garantir que nós vamos contratar empresas com capacidade. Não tinha como a gente depositar esse dinheiro público sem ter as reais garantias que esses contratos posteriores serão honrados", pontuou o presidente da Conab, Edegar Pretto.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, garante que não vai faltar alimento no prato dos brasileiros a preço justo e que a transparência e a prestação de contas são elementos essenciais para fortalecer a confiança tanto dos produtores quanto dos consumidores no sistema de abastecimento alimentar.