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Política e Eleições / "NÃO FAZ SENTIDO"

CNM avalia que proposta do Governo Federal à desoneração da folha não atende aos municípios

Após reunião com o governo federal, a Confederação Nacional de Municípios avaliou que a proposta apresentada para retomada da desoneração da folha de pagamento dos Municípios significaria uma redução dos custos previdenciários para as gestões locais

PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO

Em nota divulgada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), nesta última sexta-feira (15), o movimento divulgou sua avaliação após reunião com o governo federal, referente a proposta apresentada pela União para retomada da desoneração da folha de pagamento dos municípios. A desoneração da folha de pagamento dos municípios é uma demanda antiga e fundamental para garantir a sustentabilidade financeira das gestões locais. 

Segundo a CNM, a proposta não atende às expectativas e não traz benefícios significativos para as prefeituras. Além disso, o movimento municipalista também não concorda com a criação de regras diferenciadas para os Municípios com base na receita corrente líquida (RCL) per capita nem a tentativa de reduzir essa importante conquista para um benefício temporário. 

A criação de regras diferenciadas com base na RCL per capita pode gerar desigualdades e prejudicar os municípios com menor capacidade financeira. O movimento municipalista defende que a desoneração da folha de pagamento deve ser uma medida permanente e igualitária para todos os municípios, independentemente de sua situação econômica.

É importante lembrar que a redução – de 20% para 8% – da alíquota da contribuição previdenciária patronal dos Municípios ao Regime Geral de Previdência Social foi aprovada pelo Congresso Nacional para todos os Municípios com até 156,2 mil habitantes na Lei 14.784/2023. O mesmo parlamento rejeitou ainda tentativa de veto do Executivo, que mesmo assim decidiu editar a Medida Provisória (MP) 1.202/2023, revogando a conquista, razão pela qual a desoneração, seguindo o princípio da noventena, está em vigor apenas até o fim de março.

Ao contrário do que previa a Lei 14.784/2023, a proposta do governo federal teria vigência apenas até 2026 e não de forma permanente. A alíquota seria reduzida a 14% a partir de abril de 2024 e depois voltaria a subir 2% a cada ano até retornar aos atuais 20% em 2027. Isso reduziria a economia anual dos Municípios antes estimada pela CNM em cerca de R$ 11 bilhões para R$ 4 bilhões, sendo que, desse valor, R$ 2,6 bilhões – ou seja, mais da metade – são referentes ao benefício em vigor de janeiro a março de 2024, com a alíquota de 8%. No modelo que a União deseja, a economia para os Entes municipais somaria R$ 1,5 bilhão em 2025 e apenas R$ 700 milhões em 2026.

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Quanto ao recorte de Municípios estabelecido na proposta, de até 50 mil habitantes, com RLC per capita entre os 50% menores de todo o país e adimplente com as contribuições ao INSS,  a Confederação destaca que não faz sentido para a realidade brasileira.

"É muito provável que um Município de pequeno porte tenha custo per capita maior para promoção das principais políticas públicas diante de custos fixos e menor oferta de mão de obra e serviços. No entanto, é uma ilusão acreditar que a situação fiscal dele seria melhor que a de Município de grande porte com RCL per capita inferior. Com esse critério equivocado, o governo federal reduziria ainda mais a conquista do movimento municipalista, passando de 5.367 cidades beneficiadas para 2.500", afirma a CNM.

Diante disso, a CNM reforça sua posição contrária aos pontos da proposta do governo federal e continuará lutando pela aprovação de uma medida efetiva e justa para a desoneração da folha de pagamento dos Municípios. A entidade continuará atuando fortemente junto ao Congresso Nacional para que seja mantido o texto debatido e aprovado em 2023 com gestores municipais, deputados e senadores e que resultou na promulgação da legislação.

"O movimento municipalista continuará atuando fortemente junto ao Congresso Nacional para que seja mantido o texto debatido e aprovado em 2023 com gestores municipais, deputados e senadores e que resultou na promulgação da legislação", declarou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.

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