SAMUEL PANCHER, JUNIO SILVA, FLÁVIA SAID
DO METRÓPOLES
Kiev – O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, classificou como “destrutiva” a proposta de paz idealizada de forma conjunta pelo Brasil e pela China em maio. A declaração do ucraniano aconteceu nessa quarta-feira (11/9), durante entrevista exclusiva ao Metrópoles, no Palácio Mariyinsky, em Kiev.
“A proposta da China e do Brasil é destrutiva. É apenas uma declaração política”, disse Zelensky. A proposta consiste no congelamento da linha de frente e em aumento da ajuda humanitária nos territórios ucranianos ocupados. Além disso, prevê a formação uma cúpula de paz com os envolvidos diretamente no conflito. Para os ucranianos, isso significaria uma vitória para os russos.
“Como você pode oferecer: ‘Aqui está a nossa iniciativa’, sem nos pedir nada?”, criticou Zelensky. Ele disse ainda que procurou os dois países para discutir a iniciativa. A proposta dele é a retirada das tropas russas do território ucraniano e a restauração das fronteiras de 1991, além da responsabilização da Rússia por suas ações na guerra.
De acordo com o líder ucraniano, os esforços brasileiros de tentar encontrar solução pacífica para a guerra são inúteis, pois Vladimir Putin – classificado por ele como um “assassino” — não dá sinais de que pretende dar um fim ao conflito.
O presidente ucraniano ainda afirmou que vê a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante da guerra no Leste Europeu como “pró-Rússia”.
A crítica de Zelensky contra Lula se soma a outros episódios de rusgas diplomáticas entre Kiev e Brasília. Ainda assim, o ucraniano disse nessa quarta que o brasileiro “não é um inimigo”. “Brasil e Ucrânia têm relações absolutamente normas”, salientou.
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Desde o início do governo Lula 3, o Brasil tem mantido postura de neutralidade em relação à guerra, o que é visto pela Ucrânia como uma espécie cumplicidade com as ações da Rússia, que invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro de 2022.
No início desta semana, o chefe de gabinete de Zelensky cobrou visita de Lula à Ucrânia, para que ele possa ver o que acontece no país com seus próprios olhos. De acordo com Andrii Yermak, essa experiência poderia mudar a perspectiva e o posicionamento do presidente do Brasil em relação ao conflito.