PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
O otimismo vivido pelos suinocultores mato-grossenses no início do ano foi por pouco tempo. Nas últimas quatro semanas, a situação se reverteu com a desvalorização do suíno vivo e o aumento no preço do milho, um dos principais insumos para a alimentação dos animais, impactando diretamente no custo de produção.
De acordo com a Bolsa de Suínos de Mato Grosso, realizada semanalmente pela Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), o preço do suíno atingiu o pico de R$ 8,70 por quilo em 24 de fevereiro. No entanto, nas últimas semanas, o valor caiu drasticamente e fechou em R$ 7,45 por quilo nesta quinta-feira (20.03), uma queda de cerca de 15% em menos de um mês.
O presidente da Acrismat, Frederico Tanure Filho, aponta que a queda nos preços é resultado da fraca demanda interna e da oferta excessiva de animais, superior à capacidade de compra dos frigoríficos. "Fatores como o período da quaresma e o endividamento da população neste início de ano podem estar contribuindo para a redução do consumo. Além disso, a oferta de animais maior do que a demanda impacta diretamente nos preços. Esperamos que, nas próximas semanas, a situação se equilibre", afirma.
Outro desafio enfrentado pelo setor é o aumento contínuo no preço do milho, que, conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, passou de R$ 62,48 a saca de 60 kg em 21 de fevereiro para R$ 71,32 em 20 de março, uma alta de 14%.
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O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) aponta que essa valorização é impulsionada pelos baixos estoques de milho e pela alta demanda. “O aumento no custo de produção e a queda no preço do suíno criam uma tempestade perfeita, exigindo atenção dos suinocultores para equilibrar oferta e demanda e proteger a rentabilidade do setor”, explica Tanure.
A situação pode se agravar com a diminuição do incentivo fiscal do ICMS no Programa de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso (Proder), que termina em 30 de abril. A redução, de 75% para 50% nas operações de saída interestadual de suínos para abate, engorda, reprodução, cria e recria, representa um risco para a sustentabilidade financeira da atividade. "Este incentivo é fundamental para nossa atividade, e já iniciamos tratativas com o Governo do Estado e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico para encontrar uma solução", conclui o presidente da Acrismat.