DA REDAÇÃO
Março termina com péssimas perspectivas para o transporte hidroviário em Mato Grosso do Sul. Com o nível do rio Paraguai baixo e o início do período de estiagem, a exportação de minério para a Argentina já migrou dos rios para a rodovia e a expectativa é de piora. Quem trabalha na área, contabiliza prejuízos e torce por um ‘milagre hídrico’ nos próximos meses.
No dia 28 de março de 2024, o nível do rio Paraguai, em Ladário, chegou a 0,92 cm. O resultado é o pior dos últimos sete anos e muito abaixo do nível de 2,40 metros registrado no mesmo dia de 2023. Nesse cenário, transportar minério pela hidrovia até a Argentina se tornou inviável pelo custo, já que não é possível atingir a capacidade máxima das barcaças.
O gerente do terminal portuário Odfjell em Ladário, Eliseu Carreiro, explica que o nível do rio atual não permite o carregamento total das barcaças. Normalmente, cada barcaça é carregada com 3 mil toneladas de minério de ferro e o comboio sai com 16 a 20 barcaças para exportação. Atualmente, só é possível carregar 1 mil tonelada por barcaça.
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Sem atingir a capacidade máxima, o transporte de minério pela hidrovia fica inviável, já que o preço passa a não compensar para o exportador. Restam às empresas colocar a carga nas rodovias para chegar ao destino, a Argentina.
“Está muito atípico em relação ao ano passado. Para o transporte fluvial, o cenário está se desenhando como o pior de todos os tempos e estamos preocupados com o que pode acontecer”, conta ele ao contabilizar os prejuízos. No terminal, a carga exportada no primeiro trimestre representa apenas 10% do volume do mesmo período do ano passado.
Marinha alerta para nível do rio Paraguai negativo
No início de março deste ano, a Marinha do Brasil emitiu um estudo técnico sobre a bacia do rio Paraguai no Pantanal, onde alerta para a probabilidade do rio atingir níveis negativos nos próximos meses, assim como ocorreu em 2020 e 2021.
Considerando o histórico de chuvas, a Marinha acredita que o acumulado de precipitação atinja de 700 a 800 mm, ficando abaixo da média histórica de 1113,3 mm. Fato similar ao ocorrido em 2020 e 2021, quando foi observado período de forte seca na região, com queimadas e baixo nível do rio Paraguai.
Em 2024, o nível máximo anual do rio Paraguai deve ocorrer entre o final de maio e começo de junho, com a cota variando em torno de 1,50 m. Em relação à cota mínima anual, espera-se que atinja cotas negativas na régua de Ladário ao final do período de vazante, semelhante ao que ocorreu em 2020 (-0,32 m).