PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Na tarde desta terça-feira (20), uma jovem surpreendeu funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Sorriso, em Mato Grosso, ao tentar apresentar um bebê reborn - boneca hiper-realista - como se fosse uma criança de verdade, em busca de atendimento médico. O episódio, registrado pelo portal JK Notícias, acabou ganhando repercussão nas redes sociais e mobilizou profissionais de saúde e internautas.
No local, um repórter conversou com a jovem e a mãe dela e esclareceu que a boneca não poderia receber cuidados sanitários, convencendo-a a desistir da consulta.
Especialistas apontam que, nas últimas semanas, houve um aumento na frequência de reborns sendo levados a unidades de emergência.
Enquanto isso, profissionais de saúde alertam para o risco de superlotação e distração dos atendimentos.
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Fenômeno Reborn
Não é incomum que adultos desenvolvam ligações emocionais com reborns — isso faz parte de um fenômeno reconhecido tanto como hobby quanto como ferramenta terapêutica.
A produção artesanal de bebês reborn atrai, majoritariamente, mulheres que veem nessas bonecas hiper-realistas verdadeiras obras de arte e cuidadosamente moldado para reproduzir toda a delicadeza de um recém-nascido. Colecionadoras e artistas do segmento destacam que esse hobby envolve técnica, paciência e sensibilidade estética, transformando o reborn em peça de galeria e objeto de estudo para quem aprecia miniaturismo e realismo em arte contemporânea.
No entanto, nos últimos meses, o que era atividade de nicho ganhou contornos de “moda” nas redes sociais: influenciadoras publicam vídeos acompanhando a rotina de seus reborns como se fossem filhos de verdade - desde o parto, trocas de fralda e banhos até passeios no carrinho e consultas fictícias em consultórios pediátricos. O fenômeno viraliza no TikTok e no Instagram, atraindo novos praticantes que buscam engajamento e validação emocional por meio de uma simulação de maternidade.
Do ponto de vista da psicologia, muitas pessoas recorrem aos reborns para lidar com perdas, como luto perinatal ou síndrome do ninho vazio, ou com transtornos de ansiedade e depressão.
Psicólogos interpretam o fenômeno como uma forma de “role playing afetivo”, em que a pessoa simula experiências de maternidade como parte de uma construção emocional, muitas vezes impulsionada pela busca de validação nas redes sociais.
Além disso, especialistas apontam que essa prática se aproxima do que é chamado de cuddle therapy — uma “terapia do aconchego” em que o ato de cuidar e interagir com a boneca hiper-realista estimula a liberação de hormônios ligados ao bem-estar, semelhantes aos envolvidos no vínculo materno real.
Mas tratar um reborn como “filho” deixa de ser um hobby ou recurso terapêutico e passa a ser prejudicial quando ultrapassa certos limites e começa a interferir no seu funcionamento emocional, social e cotidiano.
Quando o cuidado com o reborn ultrapassa o papel de hobby e começa a tomar o lugar de relações e responsabilidades reais, é fundamental procurar apoio psicológico.