PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Em decorrência a crise econômica gerada pela quebra na safra de grãos 2023/2024 e a significativa queda nos preços de comercialização, na última sexta-feira (09), a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO) formalizou um pedido de audiência emergencial com o governador Ronaldo Caiado. O objetivo da reunião é discutir medidas urgentes para enfrentar os impactos para o setor do agronegócio.
“A produção de soja e milho tem relevância estratégica para o suprimento da agroindústria em Goiás e gera grande quantidade de empregos no campo e na cidade. Uma crise econômica como essa também reflete no comércio, serviços, turismo, poder público, ou seja, em toda a sociedade”, declara o presidente da Aprosoja-GO, Joel Ragagnin.
Perdas significativas
A Aprosoja-GO estima que a produtividade da soja pode ser reduzida em torno de 15% em comparação com a safra anterior. Além das perdas na produção, os baixos preços internacionais e locais da soja e do milho também estão gerando apreensão entre os produtores.
De acordo com o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), as cotações desses grãos estão quase 30% abaixo do mesmo período do ano anterior, enquanto os custos de produção continuam altos.
Um relatório da “Expedição Safra Goiás”, conduzido pela Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (FAEG) e parceiros em janeiro de 2024, aponta perdas potenciais entre 15% e 23% na produtividade das lavouras de soja goianas nesta temporada.
De acordo com a entidade, embora a safra de soja ainda esteja em curso, já é possível observar perdas significativas. "Chuvas irregulares em várias regiões atrasaram a semeadura e levaram a replantios. Em algumas áreas, como Norte, Nordeste e Vale do Araguaia, as lavouras ainda estão em fase vegetativa. Por outro lado, na parte Centro-Sul do estado, especialmente no Sudoeste, a colheita começou mais cedo do que o habitual devido à estiagem e às altas temperaturas, resultando em perdas no potencial produtivo das plantas".
Diante desse cenário, a Aprosoja-GO enviou uma nota técnica ao governador com análises detalhadas e sugestões de medidas para mitigar os impactos da crise na cadeia produtiva agropecuária, que é um dos principais motores econômicos do estado.
Entre as propostas estão a isenção da contribuição ao Fundeinfra para os produtores de soja e milho de Goiás por um ano, o reforço de linhas de crédito especiais, como o FCO, e a possibilidade de renegociar e prorrogar débitos dos produtores afetados pela estiagem.
“A Aprosoja-GO aguarda ansiosamente o retorno do governador para agendar a audiência e discutir soluções urgentes para essa crise que afeta não apenas os produtores, mas toda a economia do estado”, destacou Ragagnin.
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Decreto do Governo
No dia 5 de fevereiro, o governador Ronaldo Caiado decretou estado de emergência em 25 municípios do Sudoeste goiano e Vale do Araguaia devido às condições climáticas desfavoráveis que prejudicaram as lavouras. Com a Decretação de Situação de Emergência um regime jurídico especial passa a valer possibilitando a renegociação de dívidas dos agricultores e pecuaristas e recebimento de seguros por frustração de safras.
O governador reuniu-se com o Comando Geral do Corpo de Bombeiros, o Comando de Operações de Defesa Civil e as secretarias de estado estratégicas, como a Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Economia, dentre outras. Na ocasião, Caiado determinou a adoção de estratégias para mitigar os efeitos da estiagem que assolou grande parte dos produtores rurais, sobretudo na região sudoeste do estado e no Vale do Araguaia, e a decretação de Situação de Emergência em diversos municípios goianos.