PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
De acordo com o Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta última quarta-feira (24), os portos do Arco Norte seguem na liderança do escoamento de soja para exportação. O estado de Mato Grosso, principal estado produtor, contribuiu com 52,15% do total de entregas para o mercado internacional. Cerca de 33% do total nacional da oleaginosa foram expedidos no último mês de dezembro pelos portos do Arco Norte, contra 32,7% do acumulado do ano passado.
O Arco Norte é uma rota logística composta pelos portos do norte do Brasil, como Santarém, Barcarena, Itacoatiara e São Luís, que são estrategicamente localizados próximos às principais áreas de produção de grãos do país. Essa região tem se mostrado cada vez mais importante para o escoamento da soja brasileira, devido à sua capacidade de armazenamento e à crescente demanda internacional.
O estado de Mato Grosso lidera a produção de soja no Brasil, contribuindo com mais da metade das entregas para o mercado internacional. No último mês de dezembro, os portos do Arco Norte foram responsáveis por expedir cerca de 33% do total nacional de soja, um aumento em relação ao acumulado do ano anterior.
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Exportação de soja e milho
Nos últimos períodos, houve uma queda na exportação de grãos em Santos, com apenas 30% do grão sendo escoado, em comparação com os 32,7% do ano anterior. No caso da soja, as exportações pelo porto de Paranaguá representaram 14,1% do total nacional, um aumento em relação aos 13% do ano anterior. As principais origens das cargas de soja para exportação foram Mato Grosso, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.
Já em relação ao milho, os portos do Arco Norte foram responsáveis por exportar 41,6% da movimentação nacional, um declínio em relação aos 44,7% do ano anterior. O porto de Santos, em São Paulo, representou 38,2% da movimentação total, um aumento em relação aos 36,9% do ano anterior. O porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, registrou 8,2% das exportações de milho (em comparação com 3,7% no ano anterior), enquanto o porto de Paranaguá, no Paraná, representou 7,6% das exportações (em comparação com 11,6% no ano anterior). Os principais estados envolvidos nas vendas de milho para exportação foram Mato Grosso, Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Boletim Logístico
O Boletim Logístico registra ainda os dados gerais de exportação dos dois produtos. Para a soja, aponta-se que 3,83 milhões de toneladas foram exportadas em dezembro/23, contra 5,20 milhões do mês anterior e 1,94 milhão em igual período de 2022. No período de janeiro a dezembro de 2023, as exportações da oleaginosa atingiram 101,8 milhões de toneladas contra 78,7 milhões, ocorridas no mesmo período do ano anterior, incremento de 29,2%.
Os fatores de alta foram o aumento da importação de óleos vegetais pela China e a possível antecipação de compra dos agentes internacionais, explicada pela decisão do Conselho Nacional de Política Energética de aumentar o aporte de biodiesel na mistura ao óleo diesel, de 12% para 14% a partir de março deste ano, o que deverá aumentar a demanda pela soja no mercado doméstico. Projeta-se que o percentual suba para 15% nesse período, o que deverá manter as cotações internas acima dos preços externos ou, pelo menos, estimular a disputa pela oleaginosa.
As exportações de milho atingiram 6,06 milhões de toneladas em dez/23, contra 7,41 milhões de toneladas observadas no mês passado e 6,24 milhões no mesmo período de 2022. A desvalorização do produto no cenário internacional contribuiu para a redução da paridade de exportação, intensificando a baixa nos preços domésticos. No período de janeiro a dezembro/2023, as exportações do cereal atingiram 55,8 milhões de toneladas, contra 43,2 milhões ocorridas no mesmo período do ano anterior, incremento de 29,2%.
Mato Grosso registrou o escoamento de 29,13 milhões de toneladas, um aumento de 18,7% nas exportações de milho em 2023 em relação ao ano anterior. Esse incremento nas exportações foi impulsionado pela abertura de novos mercados, notadamente a China, e pelo aumento da produção na safra 2022/23, especialmente no segundo semestre do ano.
Fretes rodoviários
Com relação aos preços de fretes rodoviários, o Boletim aponta que houve tendência de leve queda das cotações em Mato Grosso. O esfriamento nesse mercado foi registrado e deve persistir neste mês, à espera da colheita da soja, momento em que há uma intensificação no fluxo. A perspectiva de uma menor produção de soja e milho em 2024 no estado tem refletido nas projeções de ganhos com frete para este ano.
Ainda assim, o patamar de preços, tendo Mato Grosso como origem, encontra-se elevado, com valores inéditos para dezembro. “Trata-se de um novo nível de preços, e não há qualquer perspectiva de que o mercado possa retroceder aos patamares prévios”, destaca Thomé Guth, superintendente de Logística Operacional da Conab.
“Além da necessidade de escoamento das safras recordes de soja e de milho, influem nisso também o atraso na negociação geral ao longo do ano passado por questões mercadológicas e as dificuldades fluviais no escoamento para o Arco Norte, que acarretaram em dificuldades logísticas e demandaram replanejamento de rotas”.
Outros estados também apresentaram baixa nas cotações de frete, como Mato Grosso do Sul, que experimentou oscilações de preços em função da baixa disponibilidade de produtos para transporte; Goiás, onde os fretes na região do entorno de Rio Verde encontravam-se em baixa em razão da demanda e da pouca oferta de caminhões; Distrito Federal, que registrou variações negativas em todas as rotas pesquisadas; Bahia, com queda nas cotações dos fretes nas regiões de primeira safra e tendência de alta na região das de terceira safra, sendo influenciada principalmente pela variação da demanda; Piauí, que continuou com preços mais baixos em relação ao mês anterior; e Maranhão, onde verificou-se baixa oferta de fretes rodoviários com destino ao porto do Itaqui, em São Luís, e para o Terminal da Ferrovia Norte-Sul, em Porto Franco, com redução de preços. Em Minas Gerais, os fretes mantiveram patamares de preços muito semelhantes aos do mês anterior nas praças acompanhadas pela Conab, enquanto no Paraná tiveram variações positivas para os destinos pesquisados.