DA REDAÇÃO
Um estudo avaliou o ônus econômico da tuberculose pulmonar, a relação custo-benefício da estratégia de tratamento e o esforço econômico necessário para atingir uma probabilidade de cura de 90% da doença no Brasil, ao longo de sete anos (2015–2022). Os resultados da pesquisa, coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno Bezerril, foram publicados no periódico The Lancet Regional Health – Americas .
O trabalho analisou dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), comparando dois cenários: com e sem o Tratamento Diretamente Observado (DOT). A população foi dividida por histórico de tratamento e vulnerabilidades, como sem-teto, grávidas, usuários de drogas, pessoas com HIV, entre outros, para calcular o custo por paciente e a taxa de cura. O objetivo foi calcular quanto custa por paciente para atingir a taxa de cura recomendada pela OMS, usando modelos estatísticos para determinar esse custo em cada subgrupo.
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Os achados do estudo mostraram que o custo direto total da tuberculose pulmonar no Brasil durante os sete anos ultrapassou US$ 1,3 bilhão, com casos de retratamento respondendo por US$ 23,5 milhões. O menor Número Necessário para Tratar (TNN), medida estatística que indica o número de pacientes que precisam ser tratados para que um resultado desejado ocorra, foram as subpopulações de moradores de rua, pessoas que usam drogas e retratamento. Esses grupos também apresentaram o maior custo para atingir uma probabilidade de cura de 90%.
A partir da discussão, os pesquisadores ressaltam a eficácia do Tratamento Diretamente Observado em vários grupos de pacientes, independentemente de suas vulnerabilidades ou histórico de tratamento anti-tuberculose anterior. Ao mesmo tempo, as análises do número necessário para tratar destacaram as subpopulações de retratamento, sem-teto e pessoas que usam drogas como as mais eficazes para a implementação do tratamento diretamente observado, e como possíveis alvos para estratégias de alocação de recursos em programas de controle da tuberculose.
A tuberculose é uma enfermidade que afeta principalmente populações mais vulneráveis, de países de baixa e média renda, como o Brasil, que enfrenta grandes desigualdades socioeconômicas. O impacto da doença não se resume à saúde das pessoas, mas também às finanças dos pacientes e do governo, exigindo altos investimentos para o tratamento. O Brasil busca seguir as metas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para reduzir custos e melhorar o combate à tuberculose, principalmente com o uso do tratamento diretamente observado, no qual um profissional de saúde ou assistente social acompanha o uso dos medicamentos pelo paciente.