PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Com gráficos coloridos e interação com outros usuários, as plaforma de jogos on-line Roblox e Minecraft, por exemplo, são baseados em um mundo aberto e de simulação que permite criar seu próprio universo virtual, conhecido por 'place', onde milhares de jogadores, de todas as idades, podem interagir um com outro e camuflando a violência. Entretanto, mais do que entretenimento, esse acesso excessivo podem ser um alerta para os pais sobre a segurança dos usuários, principalmente para as crianças e jovens.
Conforme divulgado pelo site OneGamer, no ranking dos jogos populares mais jogados em 2023, o jogo Minecraft continua atraindo jogadores de todas as idades, liderando a posição com a plataforma mais acessada. Logo depois o jogo Roblox também se mantém como um dos títulos mais populares deste ano.
Mas o que muitos pais não sabem é que essas plataformas, de sistema de criação de jogos on-lines, reunem conteúdos violentos, que instrui os usuários a assassinar os colegas e são impróprios para crianças menores de 10 anos de idade.
Como exemplo, de alguns servers [servidores] desenvolvido no Roblox, chamado Run Hide, conhecido como "Fera da Marreta" ou "Marretão", onde um jogador precisa capturar os outros jogadores, dando marretadas e os prendendo em cápsulas. Outro server muito utilizado pelas crianças, o 'Brookhaven', onde o jogador pode criar sua própria casa, explorar a cidade, tendo a liberdade de criar um cenário e induzir a violência.
No jogo Minecraft, compostos por blocos simples como terra e ferro, tem monstros como zumbis e esqueletos que surgem pelos cantos mais obscuros dos mundos de "Minecraft", aspectos violentos e os inimigos podem ser golpeados com espadas e flechas.
Conforme divulgado pelo site Correio Braziliense, o pesquisador do papel da tecnologia na cognição humana e professor na Universidade de Brasília (UnB), Raphael Cardoso destacou que as famílias precisam conversar sobre o uso de plataformas digitais em casa. As plataformas digitais podem ser úteis para várias atividades realizadas por crianças e adolescentes, mas o uso inadequado pode gerar problemas, e os pais precisam ficar atentos. Quando as crianças jogam esse tipo de jogo constantemente, podem perder gradualmente as sensibilidades humanas básicas no interior de seu ser.
“As crianças tendem a imitar comportamentos de personagens que assistem, mesmo na forma de brincadeira. Cenas bizarras e assustadoras podem ter efeitos negativos, por exemplo, na hora de dormir. Quando uma criança assiste a uma cena forte, é comum que ela reproduza ou fale demasiadamente sobre a cena. Cabem aos pais ajudá-la na elaboração sobre a cena. Isso tem um efeito muito negativo para os jovens”, pontua o pesquisador.
Mãe de uma menina de 7 anos, Ana Almeida, de 38 anos, conta que sempre monitora a filha no tempo que ela tem para acessar o celular e que fica preocupada com os jogos de interação com outros jogadores.
"Ontem sentei do lado da minha filha, para ver ela jogar esse jogo do Roblox e observei que tinha uma jogadora, que eu nem sei qual a idade dela, que estava com um machado na mão e dando golpes em outros jogadores. Eu fiquei chocada, no cenário do jogo que parecia inocente, em uma casa criada pela minha filha e do nada surge outra jogadora na casa que a minha filha criou e correndo atrás dos jogadores dando machadadas", comentou a mãe.
O pesquisador Raphael Cardoso também adverte para possíveis prejuízos no desenvolvimento cognitivo e avalia que a habilidade de jogar envolve uma série de funções cognitivas e é razoável pensar que games possam funcionar como treino, mas com recortes etários específicos. "Logo, acho melhor que pais e mães estimulem a vida social, educacional e cultural para potencializar o desenvolvimento de suas crianças e adolescentes", recomenda.
Cuidados e controle nos acessos aos jogos
De acordo com o doutor em educação e professor da Universidade de Brasília, Gilberto Lacerda é muito importante que os pais tivessem um conhecimento amplo para que pudessem verificar o que os filhos estão fazendo na internet.
"O ideal seria essa aproximação e essa abertura com os seus filhos, porque não é simplesmente uma questão de intromissão na vida digital da criança e do adolescente, mas é também conhecimento para que ele possa argumentar, debater ou coibir o uso do que é indevido", destaca o especialista.
Os pais precisam identificar os sites e jogos confiáveis, além de conhecer e verificar se os conteúdos apresentados nesses games são apropriados e têm linguagem adequada para a idade da criança e para a autonomia que o jovem tem. Na situação real, muitos pais não sabem de tudo o que está ocorrendo no amplo e vasto mundo virtual.
"As pessoas não têm um percurso na internet, nem conhecimento para fazer isso. Isso não acontece dessa forma, porque as pessoas não têm capacidade cognitiva e tempo pra fazer tudo", conclui Gilberto Lacerda.
Google Family Link
Uma opção para auxiliar os pais a assegurar os filhos é o chamado 'Google Family Link', um aplicativo de controle dos pais, que permite que eles ajustem os parâmetros dos dispositivos dos filhos, que restrinjam conteúdo, aprovem ou reprovem aplicativos e definam tempos de tela. Uma ferramenta muito útil que permite que os adultos protejam a privacidade dos menores e a segurança on-line de acordo com a prévia definição de permissões e bloqueios de acesso.
Através dessa opção, é possível selecionar quais conteúdos as crianças podem ter acesso, baseado nas faixas etárias atribuídas pela classificação indicativa, além de definir o tempo que podem jogar, monitorar gastos on-line e controlar o acesso à navegação na internet e em chats.