PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
A Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC/DPE/PCDF), em colaboração com a Polícia Civil do Mato Grosso do Sul, por meio do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO), deflagrou na última quarta-feira (31) a operação interestadual "Destino Final". A operação resultou na prisão do principal líder de uma associação cibercriminosa baseada em Mato Grosso do Sul.
O grupo criminoso se especializava em invadir contas de agências de turismo e aplicativos de programas de milhagem, como o LATAM Pass, prejudicando centenas de pessoas no Distrito Federal. Após a invasão, os criminosos emitiam passagens para "trechos premium" e as vendiam no mercado negro da Deep Web. A ação coordenada entre as forças policiais teve sucesso em desarticular essa rede, evidenciando a importância da cooperação entre diferentes estados na luta contra o cibercrime.
Prática do crime
Os hackers acessavam contas de empresas de turismo e de pessoas físicas com grande pontuação em programas de milhas, emitindo bilhetes chamados “passagens de desistência”, cuja viagem aconteceria em no máximo três dias, para evitar a detecção e o cancelamento pelas companhias aéreas. Entre as vítimas, estão muitos parlamentares, que acumulam grande pontuação devido às viagens oficiais financiadas pelo exercício de suas funções institucionais.
Houve o cumprimento de um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão de bens suntuosos, bloqueios de contas bancárias e sequestro de um carro de luxo em Campo Grande. A logística da operação envolveu o uso de um avião do Departamento de Operações Aéreas (DOA/PCDF) para o transporte da equipe policial e do preso para o Distrito Federal, onde ele cumprirá prisão cautelar.
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As evidências virtuais coletadas nos equipamentos informáticos serão analisadas pelo Instituto de Criminalística (SPI/IC/PCDF) para identificar o método de invasão utilizado, o uso de cartões de crédito falsificados adquiridos na Dark Web, a expedição de passagens para pessoas ligadas ao narcotráfico, conhecidas como “mulas”, e a lavagem de dinheiro que pode estar patrocinando um time de vôlei em Campo Grande.
Os investigados na operação "Destino Final" enfrentarão graves acusações, incluindo: Associação Criminosa (Art. 288, caput, do CP); Invasão de Dispositivos Informáticos (Art. 154-A, §§ 1º, 2º, 3º e 4º, do CP); Falsidade Ideológica (Art. 299 do CP); Furto Qualificado por Fraude Cibernética (Art. 155, § 4º-B, do CP); Estelionato Mediante Fraude Eletrônica (Art. 171, § 2º-A, do CP) e Lavagem de Capitais (Art. 1º da Lei 9.613/98).
Esses crimes podem resultar em penas acumuladas que chegam a até 39 anos de prisão, refletindo a gravidade das infrações e a complexidade das atividades ilícitas perpetradas pelo grupo.